Dies Domini

Sartre escolheu o absurdo, o nada e eu escolhi o Mistério - Jean Guitton

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Localização: Lisboa, Reino Portugal Padroeira: Nª Srª Conceição, Portugal

Monárquico e Católico. intransigente defensor do papel interventor do Estado na sociedade. Adversário dos anticlericais saudosos da I República, e de "alternativos" defensores de teses “fracturantes”. Considera que é tempo, nesta terra de Santa Maria, de quebrar as amarras do ateísmo do positivismo e do cientismo substitutivo da Religião. Monárquico, pois não aliena a ninguém as suas convicções. Aliás, Portugal construiu a sua extraordinária História à sombra da Monarquia. Admira, sem complexos, a obra de fomento do Estado Novo. Lamenta a perda do Império, tal como ocorreu.

domingo, 31 de dezembro de 2006

A Sagrada Família (e a nossa).


Na Missa das 19H, na Igreja de Santo António à Sé, o Frei Álvaro, na sua homilia, falou-nos de uma bela referência, feita à família, por João XXIII: considerou-a este como verdadeira Igreja doméstica. Note-se que, nesta Missa vespertina, já se celebra a festa de Domingo, ou seja, a Festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José.


A família, como “Igreja doméstica” reflecte, (ou deveria reflectir sempre) a ternura, a fidelidade e a Misericórdia de Deus. Mas, para que haja, no seio daquela, esse reflexo, é necessário que os esposos saibam criar, no lar, uma atmosfera tal que o Espírito de Deus o possa visitar, e nele permanecer. Só assim a família poderá ser, também, uma casa de Deus.

A Igreja considera a Família como o santuário da vida. Caso os haja, os filhos deverão ser criados no respeito para com os outros, em referência ao sentido da Justiça, do diálogo fraterno para com os demais, na busca de uma atitude que promova sempre a paz e a solidariedade. Só assim poderemos ter, amanhã, gerações responsáveis, que saibam cuidar da sociedade, e não gerações mergulhadas numa vivência sem sentido, desprovidas de quaisquer valores morais e éticos.

Como afirmou o saudoso João Paulo II, na sua “Familiaris Consortio”, “o matrimónio e a família constituem um dos bens mais preciosos da humanidade”.

Resta-nos tentar imitar a Sagrada Família, que hoje celebramos, e todos os dias devemos honrar: Jesus, Maria, José. Com efeito, modelo de amor familiar (Amor Transcendente, é certo, mas qual é o Amor que, verdadeiro, não é Transcendente?!) a Família de Nazaré deverá ser fonte de inspiração para o nosso quotidiano tão cheio de fragilidades…
Nota: Natividade - de Josefa de Óbidos, 1630 - 1684.

sábado, 30 de dezembro de 2006

Portugal: Estado laico (?) mas Nação Católica!



Celebrámos o Natal. A partir de agora, o ciclo litúrgico vai revelar-nos o nosso doce Jesus na Sua acção salvífica no seio da Humanidade, no Seu desejo de salvar o Homem de si próprio – Homo homini lúpus… Este é rebelde, rejeita o suave jugo do Senhor… Quer antes fazer parte do Mal, aliar-se a este, confundir-se com este.

Os doutrinadores do Iluminismo julgaram que poderiam apagar do coração dos homens todo o sentimento religioso, a ideia de Deus. Assim também o tentou o comunismo ateu. Em vão. Até do campo da neurobiologia nos chegam notícias que revelam que o nosso cérebro nos impulsiona a acreditar em Deus!
Por isso, estão condenados ao fracasso aqueles que afirmam o laicismo como a nova ideologia a ser professada pelo Estado, e imposta a toda a sociedade.

Seria, de facto, a ditadura de alguns sobre a esmagadora maioria da nossa sociedade, de confissão católica.

Querem confundir laicismo com laicidade. Convém-lhes, é claro, jogar com um certo desconhecimento de uma larga franja da população, pouco dada a metafísicas…

O laicismo é inimigo da Fé, considera esta como uma ameaça e, assim, tenta reduzi-la a um espaço rigorosamente privado.


Em França, donde sempre sopraram ventos funestos, depois da queda do Império de Napoleão III em 1870, da Comuna de Paris, e das tentativas de restauração da Monarquia, eis que uma maioria republicana, a partir de 1879, adoptou um leque de medidas tendentes a impor o laicismo, com todas as suas consequências: suprimiu o descanso dominical obrigatório (1879), combateu as congregações religiosas, secularizou os cemitérios (1881), permitiu o divórcio (1884). O ensino religioso foi proibido nas escolas do Estado e, em 1886, aquele foi confiado a um quadro de pessoal "leigo", melhor dizendo, ferozmente republicano e ateu.

A nossa I República tudo isto copiou da França… e, é claro, abriu as portas ao 28 de Maio… não compreenderam, ou melhor, não quiseram compreender, que o Estado até poderá ser adepto da laicidade, mas a nossa Nação Portuguesa é Católica!

Mas, sejamos claros: este laicismo, que ganhou de novo garras no nosso Portugal, a pretexto de "laicizar" o Estado quer sim destruir a Religião e, em particular, a Religião Católica.

Como sabiamente afirmou Bento XVI, a "tolerância" que finge admitir Deus como uma opinião privada, mas que Lhe recusa o domínio público, não é tolerância, é hipocrisia…

sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

Lugar aos Amigos: os votos de J.A. Barreiros.


De José António Barreiros, distinto Advogado de Lisboa, que faz o favor de ser meu amigo, aqui quero deixar publicado, com a devida vénia ( parece que estou no Tribunal...), este seu texto, que merecia constar de uma Antologia de Poesia portuguesa!

“A todos aqueles que se interessam por mim e a quem eu tantas vezes não escrevo, nem sequer falo; aos que escrevem coisas magníficas em locais que eu devia frequentar sempre e onde tão raramente vou; aos que não perderam ainda a capacidade de se comoverem pelo insignificante e não cultivam o atrevimento obsessivo do eu; aos que se esmeram na arte do lento sentir, esgotados de uma vida vazia de rápido pensar; aos que sabem o segredo de adivinhar e com esse pressentimento navegam ainda pela vida caprichosa; a todos os que naufragam e sabem o que é, perdidas as velas, seguir-se a remar; a quantos, tantos que nem sonho que existem nem dizem que estão, aqueles em nome dos quais e por causa dos quais a vida ainda vale a pena: párias do real, místicos sem religião, sacerdotes do amor mesmo sem acto de amar: um Bom Natal! “

( Do blog http://joseantoniobarreiros.blogspot.com/ )

quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

Ainda é Natal!


Ainda é tempo de falar sobre o Natal (sempre...). E sobre alguém que foi o primeiro a construir um presépio. Foi São Francisco de Assis, na cidade italiana de Greccio, em 1223.

Tal ideia ter-lhe-á surgido numa noite em que lia o Evangelho de São Lucas, o qual nos recorda, com extrema beleza, o nascimento de Cristo. Resolveu então montá-lo em tamanho natural, numa gruta de sua cidade.

A palavra presépio vem do latim “praesepium”, que significa, em hebraico, "a manjedoura dos animais".

A partir de São Francisco de Assis, os presépios tornaram-se frequentes, apresentando Jesus deitado na manjedoura, Maria e José, os pastores e também os Reis Magos que, de longe, vieram adorá-l’O.

São Francisco montou um presépio na noite de 24 para 25 de Dezembro de 1223. Perto da manjedoura, cheia de feno, ficaram um boi e um jumento. Acima daquela foi improvisado um altar, e assim se celebrou a Santa Missa da meia-noite.

Conta-se que um dos presentes teve a visão de que na manjedoura dormia uma criança. São Francisco de Assis ter-se-á aproximado dela, e acordou-a. Era Jesus, que bem sabia o amor que São Francisco tinha por Ele…

Que felizes seríamos se fôssemos dignos de Maria Santíssima vir ao nosso encontro, caminhando silenciosamente, mal tocando o chão com os seus doces pés, para nos entregar o Seu Menino! Toma, pega-lhe! E nós, sem darmos conta, já então estaríamos envoltos na Luz do Senhor, e deixaríamos esta Terra sem dor e sem mágoa...

Saibam os eventuais leitores que com São Francisco (e Santa Clara), no dealbar do ano Mil uma nova Primavera surgiu no Mundo… Cabe-nos a nós ressuscitá-la… cabe-nos a nós descobrir uma nova aurora, uma nova Luz...


Nota: "S. Francisco de Assis e Santa Clara Adorando o Menino Jesus" - Josefa de Óbidos, 1630 - 1684.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

“João Paulo II – Um Homem para a História” !



Nesta terça-feira à noite, como que por milagre (pois não tínhamos combinado nada entre nós), o nosso grupo de tertúlia encontrou-se para a celebração da Santa Missa das 19H em Santo António à Sé. Mais pequeno, de facto, mas porventura mais intimista, o grupo, hoje composto pelo Frei Álvaro, Maria do Céu, Irene, António, este escriba mai-la mulher, “abancou” à mesa para mais um ameno serão, que teve lugar, como invariavelmente acontece, ali para as bandas da Rua dos Bacalhoeiros.

Aproveitando o ensejo, a minha querida Amiga Maria do Céu, que faz o favor de perfumar a minha vida com a sua presença, ofereceu-me o livro de Edward Stourton, “João Paulo II – Um Homem para a História”, acabadinho de ver a luz do dia numa edição da Bizâncio.

Sabemos que são os homens que fazem a História. Somos nós, com efeito, que transformamos as condições sociais, mudamos o mundo, para melhor ou para pior.

Lendo a introdução feita pelo Autor, ficamos com a expectativa de irmos mergulhar (de novo) na História que ele, Karol Woytila, ajudou a escrever. Com efeito, o modo como governou a Igreja, através do seu carácter – único! – e a sua acção determinante na queda do Comunismo ateu, deixou uma marca fortíssima na Igreja, a qual perdurará certamente até aos fins dos Tempos… até Jesus vir de novo salvar-nos de nós mesmos!

Obrigado, meu Deus, pela dádiva da amizade, obrigado por todos os meus amigos, por todos os companheiros que povoam os meus dias... De facto, somos todos peregrinos e caminhantes nesta terra, nesta nossa vida que queremos levar a bom porto e que, para tanto, aos pés de Maria Santíssima depositamos as nossas fragilidades e as nossas quedas para que Ela, através do seu Imaculado Coração, interceda por nós junto do Seu Filho, cheio de Misericórdia e Bondade. Nós, que somos simples crentes que, tal como os companheiros de Emaús de há dois mil anos, e quando nos reunimos, convidamos Jesus Cristo a permanecer à nossa mesa... pois Ele é a Luz que nos guia e a razão da nossa Esperança!

Todos estes companheiros são, para mim, insubstituíveis, e todos eles têm morada no meu coração…

terça-feira, 26 de dezembro de 2006

O dia de Natal chega ao fim...


O dia de Natal chega ao fim, com efeito... Mas não a sua magia e o seu encanto, que nos acompanha ao longo do ano... Passam poucos minutos da meia-noite. Para trás, ficou a agitação das últimas horas. Estamos agora postos em sossego na nossa sala, a ver as chamas da lareira que nos faz companhia, com o seu suave crepitar. A noite lá fora deve estar agreste para tanta gente... até me sinto culpado... O doce cheiro da lenha reconforta-nos na nossa solidão, coisa inventada pelo homem moderno, parece-me... o seu cheiro, dizia, leva-nos provavelmente a outras paragens…lembra-nos Héstia, a deusa dos laços familiares, simbolizada, com efeito, pelo fogo da lareira. Quando os gregos fundavam cidades fora da Grécia, levavam o fogo desta como símbolo da ligação com a terra mater… É isso, a ligação à terra, que vai faltando ao homem moderno, está a corroê-lo. De modo inconsciente, ele sabe que perdeu algo que lhe é essencial.

Hoje, creio que o homem está a alienar a sua Alma a troco de nada. Talvez como o Fausto, de Johann Goethe. Choca-me, por exemplo, que nos dias que correm se pense em conferir “direitos humanos”, como o direito de voto, o direito à saúde, à habitação, e contemplar o serviço militar obrigatório, para as máquinasa robôs! Robôs conscientes! Serão os robôs-cidadãos do amanhã! Vem na última edição do Jornal “Sol”… Que cenário de pesadelo, para a nossa sociedade, se estará a criar na sombra?!

Penso muitas vezes, e nesta noite muito particularmente, no tempo que foi dado viver a São José e a Maria: a simplicidade da vida, as alegrias de um lar cheio de amor, o trabalho humilde e belo daquele, a vida de contemplação desta… o cair do dia, e o recolhimento daquele casal na sua casa, despojada do supérfluo, mas rica de tudo o que falta ao homem dos nossos dias…

domingo, 24 de dezembro de 2006

Belém e a sua Mensagem.


O Evangelho de São Lucas (2/ 1- 20) relata-nos o nascimento de Jesus em Belém, num humilde estábulo. Regista, para que as gerações vindouras o saibam, o anúncio, pelos Anjos, aos pastores, e a vinda destes a Belém para aí verem Jesus.

São Lucas faz passar esta mensagem: é a Boa-Nova do nascimento do Salvador, anunciada pelos Anjos, os mensageiros de Deus, a qual foi transmitida, em primeiro lugar, aos mais pobres, aos nómadas daquele tempo, aos marginalizados de há dois mil anos.

Dois Mil Anos! Quando Jesus percorria a Galileia, exortando os homens à fraternidade, ao amor!


Quanta poeira desde então passada! Que bom seria podermos, nos dias de hoje, ir também ao Seu encontro, nestas cidades de betão, vazias de tolerância e de ternura e sermos salvos, podermos alcançar as mãos de Cristo! Talvez à beira de um qualquer lago Tiberíades deste nosso tempo…Podermos dizer sem hesitação: Sim, vou!

Hoje, aos homens e mulheres com um coração bom, este Acontecimento, sempre renovado, no Espírito e no simples calendário humano, deixa-os tão comovidos!

Quem me dera que fosse sempre Natal! Para sentir o calor, a alegria que se respira nas Igrejas…como a de Santo António à Sé, plantada num dos mais belos locais de Lisboa, onde se penetra noutra dimensão; como se o Tempo de súbito parasse, a História se erguesse e tomasse conta de nós, homens desta cidade moderna e sem alma.


A Missa das 19 Horas é a minha preferida. O Mistério tem lugar com um número reduzido de fiéis. É uma pequena Família ali reunida em nome d’Aquele que amamos, Aquele que nos provoca este tremor interior, esta tremura que eu próprio sinto enquanto alinhavo estas letras…O Frei José Marques com a sua intrínseca bondade, a sua teologia do Amor e do Perdão: afirma ele, bastas vezes, que Deus é Amor e não quer a perdição do pecador mas sim a sua salvação: Deus não condena ninguém. Muitas vezes é o próprio homem que O rejeita!

O Frei Armindo de Jesus encanta-nos com o seu jeito muito franciscano, com a sua voz que se torna incrivelmente doce quando nos fala do pai São Francisco e do amor à Mãe de Jesus. Na sua voz emergem todas as paisagens que ele viu além-mar…

O Frei Álvaro Silva, todo ele dogmático, dá-nos lições maravilhosas acerca do Mistério que ali celebramos.
O Frei Aquiles, que amanhã festeja, como o Menino Jesus, o seu aniversário (abençoados 86 anos!) quando concelebra, empresta, com o seu ar grave e digno, a devida solenidade ao Mistério!

Do Natal o que poderemos dizer? As nossas preocupações devem centrar-se no seu mistério, que traduz a vinda ao mundo do Verbo Divino incarnado para salvação de todos. Rigorosamente, o momento da entrada do Filho de Deus na História dos homens deu-se com o SIM dito pela Virgem Maria aquando da Anunciação, que a Igreja celebra a 25 de Março, nove meses antes do Natal; e a sua apresentação oficial ao povo de Deus fez-se por altura da Circuncisão, quando lhe foi dado o nome de Jesus.

O Natal celebra a Encarnação do Filho de Deus, que assume a condição humana nascendo na História, dando início à grande aventura e ventura da redenção da humanidade. Jesus nasce de Maria, amparada por São José, formando com eles um lar. Uma família pobre, mas extraordinariamente iluminada pela presença do próprio Filho de Deus.

O Natal não é só uma recordação de um facto histórico. O Natal é a memória de um Mistério, cujo centro é a morte e ressurreição de Jesus Cristo.


Hoje o paganismo quer mudar o sentido do Natal. Cabe aos cristãos insistir, com criatividade, em proclamar por todos os meios possíveis o verdadeiro Natal. E num mundo confuso e cheio de contradições, de dores e angústias, aprendemos, sempre de novo, os critérios do mundo novo trazido por Jesus, que contradiz o que se apregoa por aí sobre o Natal.

Como disse o saudoso João Paulo II, “O Natal é acontecimento de luz, é a festa da luz: no Menino de Belém, a luz primordial volta a resplandecer no céu da humanidade e dissipa as nuvens do pecado. O fulgor do triunfo definitivo de Deus aparece no horizonte da história para propor aos homens em caminho um novo futuro de esperança.”


Hoje à noite, as famílias reúnem-se nas suas casas, para a chamada ceia de Natal. Penso que por vezes se pode esquecer o motivo central desta reunião. Fundamentalmente, as famílias reúnem-se nas suas casas para recordar, em conjunto, este acontecimento único na Historia da Humanidade.

Depois da missa do Galo, onde se celebra o nascimento de Jesus Cristo, e alguns momentos antes da ceia de Natal e da abertura dos presentes, deveremos meditar na razão pela qual estamos reunidos. Esse será o melhor presente que poderemos dar aos outros, a nós mesmos e, claro, a Jesus Cristo e à Sua Mãe, Maria Santíssima, a qual, com o Seu “Fiat”, abriu caminho para que o Homem jamais se perca, pesem embora as forças das Trevas presentes no Mundo. Mas, como Ela própria o disse, o Seu Imaculado Coração, por fim, triunfará!

A todos os meus amigos, e àqueles que têm a paciência de aqui me lerem, votos de um Santo Natal. Que a Luz de Deus esteja convosco!
Nota: a pintura é de Benvenuto Tisi (Il Garofalo) -1481-1559; intitula-se " La Vierge en majesté et l'Enfant entourés des saints".
Estes são, da esquerda para a direita, São Guilherme de Aquitânia, Santa Clara, Santo António e São Francisco de Assis.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

Das Santas Fieis II


Eis aqui o autor destas linhas, acompanhado dos seus pais, numa Lisboa irremediavelmente desaparecida, uma cidade linda, asseada, com passeios imaculados, bem cuidados, como se pode constatar nesta foto dos anos 50, tirada nos Restauradores, precisamente no Natal. Uma cidade perdida no Tempo…como as pessoas desta foto…

Como ela é bela… Pena é que o Tempo, “esse grande escultor” como disse Marguerite Yourcenar, se encarregue de apagar a Beleza… de tornar a vida tão difícil, tão amarga por vezes… a própria vida tantas vezes desfeita, os sonhos interrompidos, as encruzilhadas da vida que ali estão diante de nós… se nelas nos enganamos, pagaremos caro o erro! Não se pode voltar atrás e alterarmos a nossa história pessoal…

Na liturgia de hoje, 22 de Dezembro, lembramos a vida de Santa Francisca Xavier Cabrini, que nasceu no ano de 1850, última de uma família de 13 filhos. Recebeu o título de "Mãe dos Imigrantes", pois olhou para a emigração com os ensinamentos do Evangelho bem presentes no seu espírito.
Órfã de pai e mãe, quis entrar na vida de clausura, mas tal não lhe foi possível devido à sua idade e saúde precária. Contudo, foi-lhe confiado, mais tarde, um orfanato, tendo formado o primeiro núcleo das irmãs missionárias do Sagrado Coração, colocadas sob a protecção de São Francisco Xavier, de quem ela, após ter pronunciado os votos, assumiu o apelido.

Morreu numa das suas muitas viagens, em 1917. O seu corpo foi levado para Nova Iorque.

A Virgem Santíssima, de quem aquela foi muito devota, me proteja. E aqueles a quem amo… e são tantos! Os presentes e os que já partiram...

Do céu me guie a Santa Francisca Xavier Cabrini, para que eu consiga levar a bom porto esta peregrinação que é a Vida… sem grandes erros…

Santa Francisca Xavier Cabrini, a Santa do meu dia...

Ao som do CD "The Melody At Night, With You" de Keith Jarrett...

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

O tempo do politicamente correcto (?!?)


O “Forum Andaluz da Família” concedeu este ano o "Prémio Herodes 2006" à directora de um Colégio, na região de Granada, que destruiu e colocou no lixo, um Presépio feito pelos alunos e professores da disciplina de Religião, alegando que o Presépio, no tempo de Natal "ofendia sensibilidades de não cristãos".

Palavras para quê? É o laicismo no seu melhor! Os políticos espanhóis ajudam a esta mentalidade. Atente-se no facto de o Governo do PSOE ter publicado um “Manifesto” pelo 28º aniversário da Constituição espanhola, fazendo como que uma "profissão de fé" no laicismo radical que exclui Deus do âmbito público.

De facto, para se ser ‘politicamente correcto’ e evitar ‘ferir sensibilidades’ dos "fiéis" da nova ‘religião laica’", há que esconder o Natal Cristão (o qual é a memoria de um grande mistério) ou travesti-lo de "mera festa de família", tentando esquecer que a primeira família a dever ser honrada é a Sagrada Família!


Afinal, parece que apenas se pode acreditar no ateísmo…
(que me perdoem os meus amigos “laicos”, que os tenho; mas este postal não é, obviamente, dirigido a eles).

domingo, 17 de dezembro de 2006

Anno Domini Nostri Jesu Christi


"O nascimento de Cristo", da realizadora norte-americana Catherine Hardwicke, aí está, nos nossos cinemas, a contar uma história com dois mil anos.

Fiel ao Novo Testamento, o filme fala-nos do reinado de Herodes, e da cidade de Nazaré que é governada a ferro e fogo.

É um tempo dominado pela pobreza e pela prepotência.

No meio da vida simples dos seus habitantes, Maria casa com um carpinteiro, José, mal sabendo Ela que o seu destino a tornará na mulher mais importante da História!

O Seu amor conduzirá ao nascimento de Jesus.

Historiadores antigos, como Flavius Josephus, um judeu que escreveu entre os anos 70 e 100 da nossa era, fala-nos sobre Jesus.

Também Tacitus, historiador romano que viveu de 56 a 118 de nossa era, refere-se a Jesus e à Sua morte.

Dionysius Exiguus (Séc. VI), ao serviço do Papa João I, determinou a data de nascimento de Jesus como tendo ocorrido há 532 anos. O ano que se iniciou logo após essa data passou a ser considerado o ano 1 da nossa era (1º Anno Domini Nostri Jesu Christi).


Mas, para nós, Católicos, as principais informações que temos sobre o nascimento de Jesus provêm dos livros de Mateus e de Lucas.

Vale a pena ver este filme, que nos conta a extraordinária história de duas pessoas “comuns”, Maria e José, o seu amor, e o nascimento do nosso Salvador.

sábado, 16 de dezembro de 2006

Jesus, que será de todos nós sem Ti?



Estava para aqui a escrevinhar, deixando-me embalar pelo Charlie Haden, acompanhado do seu "Quartet West", no CD “The Art of the Song”. Não me lembrei que iria chegar a faixa “Wayfaring Stranger”… a sua melodia deixa-me tão melancólico… faz-me recordar tanta coisa dolorosa… faz-me sentir como esta árvore, nua, plantada, sozinha, numa rua deserta…

Senhor, porquê este mundo tão solitário, sem a Tua Face visível? Precisamos de Ti, Jesus, precisamos das Tuas mãos estendidas para nós, precisamos de as tomar nas nossas… sentir o calor delas, a sua macieza, o seu perfume... levá-las ao nosso rosto cansado e conservá-las aí, nem que seja por um instante...

Vou-me deitar, pensando como seria bom (tal como Santo António) obter a graça de poder ter ao colo o Menino Jesus, e afagá-lo docemente, reclinar a sua cabeça no meu ombro, e ter junto ao peito toda a beleza deste mundo.
Estaria a vida justificada!

O Natal no Iraque e o fundamentalismo (?!) islâmico.


Segundo a “Agência Ecclesia”, as comunidades cristãs no Iraque vão viver o próximo Natal sob a ameaça do fundamentalismo islâmico.

Fico escandalizado com a hipocrisia de certos elementos da comunidade islâmica, mormente sediados em Portugal, que costumam afirmar, na nossa Tv, que o Islão é uma religião pacífica, tolerante. Normalmente, estas afirmações são proferidas após algum acto de violência, cometido por grupos que juram destruir a civilização cristã, e que gritam morte aos “cruzados”… mas devemos ser nós que estamos com a vista perturbada por tanta poeira…

Recordo aqui os Libaneses Cristãos, hoje dominados, e outrora responsáveis por dar ao mundo a “Paris do Médio Oriente” , como o Líbano era conhecido, e que têm sido mortos, massacrados, expulsos de suas casas, desde que o Islão radical declarou a "guerra santa" nos anos 70 e tomou o controle do País.

É pena darmos guarida a tais elementos. Recorde-se que Bin Laden, menino rico, foi educado no muito exclusivo "Colégio Le Rosey", próximo do Lago de Geneve, na Suíça, e foi, na sua juventude, um “play-boy” do “jet-set”.


Hassan el-Turabi, o ideólogo do regime perseguidor dos cristãos do Sudão, diplomou-se em Oxford e na Sorbonne.

Ali Benadi e Abasi Madani, líderes fundamentalistas da Argélia, aprenderam doutrinas e técnicas subversivas na Europa.



Mas será que a Europa não fecha as portas a esta gente?!

sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

A Luz está próxima...


O dia de Reis ainda vem longe pelo que, dos meus queridos Reis Magos falarei em Janeiro. Hoje, gostaria de deixar aqui escrito o seguinte: Belchior, Gaspar e Baltazar, como Magos, ou seja, astrólogos, prescrutavam constantemente o firmamento, e assim descobriram a presença de um novo astro. Deixaram a sua terra para, após consultarem os seus pergaminhos, seguirem essa nova estrela.
Os seus papiros, cheios de palavras mágicas e fórmulas secretas, revelara-lhes este segredo: havia nascido o novo Rei da Judeia. Encontrado Este, aos seus pés depositaram ouro, incenso e mirra, prendas que simbolizavam a realeza, a divindade e a imortalidade do novo Rei.

Façamos como eles: caminhemos em direcção à estrela que é Jesus, fonte da nossa alegria e da nossa esperança.
Ele está quase a nascer...

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

Dives in Misericordia...


Tenho receio de desgostar o meu Deus, o meu doce Jesus e a Sua querida Mãe. Pelas minhas fraquezas, por este meu frágil barro…pois que sou tão grato a Ele pelos dons que me ofereceu…pelas graças com que me abençoou…

Na verdade, a perfeição do binómio Amor & Trabalho apenas se consegue construír uma única vez na vida, e não podemos estar distraídos, pois que esta dádiva não se repete.

Mas sei ser possível a constante renovação da possibilidade de nos santificarmos no nosso dia-a-dia, pelo amor e perfeição que colocamos no nosso trabalho, pelas nossas acções, pelas simples palavras que pronunciamos…apesar das nossas quedas…de facto, a nossa vida quotidiana é uma ocasião (que por vezes perdemos, pois que o Príncipe deste Mundo está sempre vigilante…) de encontro com o nosso Deus, para elevarmos a Alma na Sua direcção, para prestar serviço aos outros. Que Ele ali está pronto a acolher-nos. De facto, Ele é o Jesus da Misericórdia, como nos ensinou Santa Faustina Kowalska, a apóstola da Divina Misericórdia.
Através desta Mística, Jesus transmitiu-nos uma mensagem de confiança na Sua Misericórdia. Aliás, repare-se no gesto da Sua mão erguida para nós, que Ele sabe bem que somos homens que sofremos com as nossas próprias fragilidades.


Resta-nos dirigir o nosso olhar para o doce Menino Jesus, que Maria Santíssima acolhe e estreita nos Seus braços. Nele reconhecemos Aquele que é a fonte da Misericórdia e da Verdade.

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Das Santas Fieis I






Na liturgia de hoje, 12 de Dezembro, lembramos a vida de Santa Joana Francisca Chantal (1572-1641), modelo de jovem, mãe, irmã e por fim religiosa, fundadora das Irmãs da Visitação de Nossa Senhora.
Neste dia, fielmente, esta Santa digna-se iluminar a estrada de alguém que muito amo.
Que essa estrada, querida Santa Joana, seja longa, a dois…


segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

Salvador Allende, Palácio de La Moneda, 1973. Augusto Pinochet, Hospital Militar de Santiago, 2006.


Morreu Augusto Pinochet, o homem que derrubou Salvador Allende, aquele que poderia ter construído uma alternativa ao capitalismo selvagem, que hoje nos agride no nosso quotidiano, e ao comunismo ateu e violador da dignidade do Homem.

Durante o alucinante período da “Unidade Popular”, no qual todos os sonhos pareciam possíveis, Allende foi mais longe do que qualquer outro na definição de um horizonte diferente e, certamente utópico. Entendia o socialismo chileno como libertário, democrático e pluripartidário. Nada que tivesse a ver com os regimes da Europa de Leste…

Queria acabar com a miséria, com os bairros de lata tão frequentes na América Latina. Não lhe foi possível concretizar tal sonho.

Foi pena não ter sido um Crente…teria estado, então, ao lado da Igreja, e hoje seria um mártir desta, por ter lutado em prol dos mais pobres e desfavorecidos.

Um dia, quem sabe, talvez as suas últimas palavras (difundidas na "Radio Magallanes", já sob o bombardeamento do Palácio " La Moneda" ) se transfigurem em verdade:
"Mucho más temprano que tarde, de nuevo se abrirán las grandes alamedas por donde pase el hombre libre, para construir una sociedad mejor."

sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

Assim Deus a pensou e viu desde sempre...


Pese embora o profundo desagrado que os "velhos" republicanos têm pela nossa História, esta contudo não pode ser apagada na sua Verdade, a qual assenta na Monarquia e no profundo amor e respeito desta pela Igreja e pelo Catolismo. No dia de hoje, celebramos a Imaculada Conceição de Maria, a qual é e sempre será a Padroeira do Reino de Portugal.

Com efeito, nas cortes celebradas em Lisboa no ano de 1646, declarou el-rei D. João IV, primeiro Rei da dinastia de Bragança, que tomava a Virgem Nossa Senhora da Conceição por padroeira do Reino de Portugal, prometendo-lhe em seu nome, e dos seus sucessores, o tributo anual de 50 cruzados de ouro.

Foi instituída a Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição por D. João VI, que sintetiza o culto que em Portugal, desde sempre aliás, teve essa crença, mesmo antes de ser dogma.

Ordenou o mesmo soberano que os estudantes na Universidade de Coimbra, antes de tomarem algum grau, jurassem defender a Imaculada Conceição da Mãe de Deus, juramento que foi abolido com o advento, em 1910, da República ateia e maçónica.


Cheia de Graça a Virgem Maria – assim Deus a pensou e viu desde sempre. E, no dia 8 de Dezembro de 1854, Pio IX, na Bula “Ineffabilis Deus”, proclamou o dogma da Imaculada Conceição de Maria Santíssima.


Com esta denominação, Nossa senhora é representada com os seus delicados pés sobre a Terra, e com estes esmaga uma cobra, símbolo do pecado original. Ela une as mãos, em atitude de oração. Tem os cabelos longos caídos sobre os ombros. Usa uma túnica branca e um manto azul, e muitas vezes apresenta-se com uma coroa real. Sob os seus pés aparece geralmente um crescente de lua. Em algumas imagens, sob os pés da Virgem surgem cabeças de anjos.
A lua, que aparece quase sempre sob os pés da Senhora da Conceição, simboliza a substância passiva, que guarda em seu seio os raios do Sol. Por esse motivo é também o símbolo de Maria, que guardou em seu seio Jesus, o Deus Encarnado, a Luz Divina.

Como disse o nosso João Paulo II, na Solenidade da Imaculada Conceição do ano da graça de 2004, “ a sua sublime beleza, reflexo da de Cristo, é penhor para todos os crentes da vitória da Graça divina sobre o pecado e sobre a morte. “

Com efeito, Nossa Senhora e o seu querido Filho Jesus, ambos imaculados, ambos santíssimos, representam bem a vitória sobre o Mal e a Morte.

Relembrando, sempre com emoção, as doces palavras do Arcanjo Gabriel à Virgem: “Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo” (Lc 1, 28), resta-nos o desejo de que Ele esteja, também, sempre connosco, apesar das nossas infidelidades, das nossas quedas, das nossas fraquezas.
Mas, se tais fragilidades são devidas a este frágil barro, a nossa Alma pertence, incondicionalmente, a Deus.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

A Música Sacra e o Céu antecipado…



Em Roma, a 22 de Dezembro (uma data muito nossa…) de 2003, afirmava João Paulo II: “(…) A Constituição Sacrosanctum Concilium qualifica como verdadeira finalidade da música sacra, a glória de Deus e a santificação dos fiéis".
Sábias palavras! Com efeito, a música sacra tem o dom de nos aproximar mais intimamente de Deus… ficamos como que (antecipadamente) no Céu…

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

O Céu na Terra...



Ontem, dia 5 de Dezembro, o Céu desceu à Terra, nesta cidade de Lisboa, ali a Belém, pois que no Centro Cultural de Belém (CCB) deu-se a apresentação, em concerto, da Grande Missa em C Menor (KV 427) de Mozart, dirigida pelo maestro Harry Christophers, para além da obra “Crucifixus” de António Caldara e ainda de excertos de obras de Christoph Wilhibald Gluck.

A Missa inacabada de Mozart foi interpretada pela “The Simphony of Harmony & Invention”, criada por Harry Christophers, sendo considerada como uma das mais carismáticas formações actuais, cujo repertório assenta na música e ópera barrocas. Ao lado do “ensemble” vocal "The Sixteen" (também criado por Christophers), as duas formações garantem a excelência na interpretação da obra de Mozart.

O programa foi apresentado no dia em que se assinalou a morte do génio musical Wolfgang Amadeus Mozart, em Viena de Áustria, em 1791.

As sopranos Gillian Keith e Lucy Crowe, com especial destaque para a primeira, deram-nos a nota dramática necessária à compreensão do amor de Deus pelo Homem, Sua criação, ao ponto de se ter feito um de nós (excepto no pecado) na Pessoa de Jesus Cristo.

Como o Homem é capaz de obras tão sublimes como esta composição mozartiana! O drama é haver excepções…
Nas fotos: The Sixteen e a (insuperável) soprano Gillian Keith.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Hoje e sempre, os valores que contam...


Os valores humanos, fazendo parte de uma cultura, podem “mudar” por via da acção perniciosa do Estado, da política seguida pelos seus mal-intencionados agentes. Mas aqueles transcendem a própria estrutura social, e são tão antigos quanto a própria humanidade…

Todavia, os valores que são verdadeiro sustentáculo de uma sã sociedade estão a degradar-se, pela emergência de pseudo “novos” valores. É a “crise de valores” provocada pelo actual sistema político e económico.

Estas crises, diria que intencionalmente provocadas, atingem principalmente a Família, seja como valor, seja como a organização mais antiga da humanidade.

Contudo, aquela, tendo na sua génese o Amor, configurado este na sua dimensão axiológica, perde-se nas brumas do tempo. Com efeito, o amor sobressai, por entre outros valores existenciais, como aquela força intrínseca que faz com que o homem procure a perfeição espiritual.

E não serão medidas legislativas que destruirão o que de mais belo o homem possui…

domingo, 3 de dezembro de 2006

As datas que nos fazem sofrer...


Esta poderia ser uma foto da infância...teria de ser a preto e branco, lá isso é verdade...mas as minhas fotos antigas, salvas a muito custo, estão em formato "word" no computador, e não as consigo colocar aqui... fica esta, alusiva à data que estamos a viver, o Advento, e um rapazinho, que poderia ser eu, e a mãe que festeja o seu aniversário...são épocas em que julgamos que tudo é eterno...

sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

O Menino Jesus vem em Dezembro...


Ao lembrar-me do Menino Jesus, lembro-me inevitavelmente do mês de Dezembro. Ao avizinhar-se este, sinto uma espécie de excitação, uma comoção, um enamoramento por esta época mágica, de tanta beleza e, contudo, de tanta nostalgia. Nostalgia, pois recordamos a época em que éramos pequeninos, pequeninos e inocentes como o doce Jesus, tão belo e tão tenrinho, cheio de beijos e carinhos de Sua Mãe Santíssima e do seu Pai adoptivo José (mal sabia Ele a vida que O esperava, as dores e os sofrimentos, infligidos pelos homens, sempre maus e ingratos).

Assim somos nós, crianças desconhecedoras dos males do mundo, da sua perfídia, da sua crueldade. Acreditamos que tudo é belo e bom, não desconfiamos de nada. Até ao dia em que sofremos o primeiro golpe, a primeira desilusão, a primeira agressão. Na verdade, a infância pode ser uma das mais belas épocas do ser humano, mas também pode ser a mais terrível, a mais sofredora, a mais traumática por ser a mais indefesa.

Mas, dizia eu, Dezembro recorda-nos uma época em que todos estavam presentes no nosso pequeno mundo: os pais, os avós, os tios... e julgávamos que tudo era bom, que todos eram perfeitos...

Mas nesta vida nada é perfeito, ou quase nada... e ela encarrega-se, muitas vezes, de mostar-nos, amargamente, a sua crueza. E nós, pequeninos, indefesos, que podemos fazer?

Ao olharmos para um fotografia nossa, enquanto crianças, como esta bela imagem do Jesus Menino, sentimos uma certa angústia pela inevitável perda da inocência, dor por sabermos (hoje) a travessia que tivemos de realizar nesta terra inóspita e que, à época, nem sonhávamos que teríamos de enfrentar.

Creio que, por vezes, até apeteceria voltar a ser menino, mas sem ter de passar pelas mesmas agruras que tivemos... Sentimos nostalgia a respeito dos nossos tempos de colégio ou da nossa rotina familiar...o cheiro dos cadernos, dos lápis, das borrachas...

Hoje, pelo contrário, até sentimos, por vezes, náusea por esta vida moderna que, de certo modo, desumanizou o ser humano e o alienou. Tal provoca-nos muitas vezes um supremo cansaço, por não conseguirmos que os outros atendam ao nosso dilacerante apelo ao amor do mundo e da humanidade. Humanidade essa pouco receptiva à mensagem do Deus que se tornou menino por querer viver entre nós.

Que bom seria que fôssemos sempre como Ele! Que bom seria que tivéssemos, todos, um São José e uma Santa Maria como pais! Mas será que não temos mesmo?

Ele aí está quase a nascer, o Deus-Menino, num milagre de Beleza que, ano após ano, nos comove sempre e nos recorda o essencial da vida: A Família, o Amor, a Fraternidade, a Amizade.


Já viram tão querido que Ele é?