Dies Domini

Sartre escolheu o absurdo, o nada e eu escolhi o Mistério - Jean Guitton

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Localização: Lisboa, Reino Portugal Padroeira: Nª Srª Conceição, Portugal

Monárquico e Católico. intransigente defensor do papel interventor do Estado na sociedade. Adversário dos anticlericais saudosos da I República, e de "alternativos" defensores de teses “fracturantes”. Considera que é tempo, nesta terra de Santa Maria, de quebrar as amarras do ateísmo do positivismo e do cientismo substitutivo da Religião. Monárquico, pois não aliena a ninguém as suas convicções. Aliás, Portugal construiu a sua extraordinária História à sombra da Monarquia. Admira, sem complexos, a obra de fomento do Estado Novo. Lamenta a perda do Império, tal como ocorreu.

domingo, 26 de agosto de 2007

Os homens foram feitos para se entenderem.


De facto, os homens foram feitos para se entenderem.

Deus assim os criou: feitos para se entenderem. É claro que veio de pois o Mal e é o que se tem visto…

Esta terra que morre à míngua de pensadores credíveis, vai ficando mais pobre. Hoje foi a enterrar mais um ilustre português: Eduardo Prado Coelho.

E, curiosamente, são pessoas que nasceram e se educaram numa época hoje muito atacada sob o ponto de vista político social e cultural. Afinal, essa época foi fértil em valores que hoje definham e que não têm mais espaço para frutificar.

Prado Coelho era licenciado em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, um curso desde sempre altamente prestigiado (excepto nos dias que correm mas, de facto, o que afinal é hoje ainda prestigiado?).

Acaba de partir, pois, para o grande desconhecido, ele que foi um agnóstico. A esta hora, ele já estará de posse da Verdade. Talvez um pouco tarde, de resto como todos nós, que andamos aqui nesta terra a perder tempo com questões de somenos importância, em vez de nos debruçarmos sobre o único Caminho que importa seguir. Mas creio que foi um pensador sério: vejam-se as cartas que escreveu com D. José Policarpo sobre questões de fé.

Mas, lamentavelmente, ele considerava que se acredita hoje em Deus, não tanto como pessoa mas mais como uma abstracção. E que noções “como o diabo ou o inferno não fazem qualquer sentido”.

Mas este modo de pensar é precisamente uma das maiores armadilhas em que um qualquer de nós pode cair: não acreditar que efectivamente existe o Mal: uma das suas maiores vitórias é precisamente a de levar o homem pós-moderno, metódico, racional, ufano de toda a sua tecnologia, a não acreditar no Transcendente e muito menos nessa realidade que são os “ Novíssimos do Homem": Morte, Juízo, Céu e Inferno.

Assim, Prado Coelho que chegou a entender a Religião como “uma tralha figurativa”, a esta hora já estará, como dizia, de posse de todo o Conhecimento.
Mas numa coisa concordamos: a morte é algo de escandaloso: com ela morre a Beleza, tal como a conhecemos. E as nossas memórias, os nossos afectos? Que serão deles?
Ou não será assim?
Hoje à noite, saboreando o café, na esplanada do nosso irlandês, contemplando este mar do sul, beijado pela lua, não pude deixar de pensar, de novo, como a vida é frágil, e como é triste partir, deixando para trás os nossos afectos e as paisagens que só nós conhecemos.

Que ele possa repousar em paz, pois que Deus é rico em Misericórdia e compreende as inconstâncias, vaidades e, sobretudo, as imensas angústias de todos nós, homens frágeis e pecadores.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

"O MEU BLOG FALA DE AMOR"


Eis uma nomeação inesperada: “O MEU BLOG Fala DE AMOR”

Pois é verdade: esta folhinha foi nomeada, pela “CleopatraMoon” – uma das nossas "casas fraternas" - como um dos blogs que fala de Amor.

Assim é, de facto. Ou assim se procura percorrer esse caminho, embora cheio de escolhos, pois que existe sempre alguém que prefere andar nas Sombras…

Que dizer? Muito sensibilizado, com efeito. De facto, é o Amor que nos salva, que nos redime, que nos torna diferentes, para melhor.

Obrigado, Cleo!





quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Assunção de Nossa Senhora


A morte de Nossa Senhora foi chamada de "dormição".

Os apóstolos e discípulos assistiram a esta, entre os quais S. Dionísio Aeropagita, discípulo de São Paulo e primeiro Bispo de Paris, o qual nos narrou este facto.

Diversos Santos Padres da Igreja contam que os Apóstolos foram milagrosamente levados para Jerusalém na noite que precedera o desenlace da Virgem Maria.

Três dias depois chegou o Apóstolo S. Tomé, que pediu para ver o corpo de Nossa Senhora. Mas, quando foi retirada a pedra do túmulo, o corpo já ali não se encontrava: tal como Jesus, Nossa Senhora ressuscitou ao terceiro dia: os anjos retiraram o Seu corpo imaculado e o transportaram ao Céu. Este mistério está relatado no Concílio de Calcedónia, que teve lugar no ano de 451 (cidade da Bitínia, junto ao Bósforo na Trácia, em face de Constantinopla).

De facto, só Deus é o “autor da ordem, da unidade e da beleza”, como disse o Papa Pio XII na sua Carta Encíclica “ SEMPITERNUS REX CHRISTUS”.

Haverá alguma hesitação em nos juntarmos a Ele?

terça-feira, 14 de agosto de 2007

14 Agosto de 1385: Aljubarrota


Sem a batalha ocorrida no planalto de S. Jorge no dia 14 de Agosto de 1385, o reino português teria sido absorvido para sempre pelos poderosos castelhanos.

D. João I, ao vencer aqueles, com a ajuda preciosa (diria milagrosa) de D. Nuno Álvares Pereira, propiciou o advento da nossa mais gloriosa época: a dos Descobrimentos.

Aljubarrota, por acção do Beato Nuno, propiciou a reescrita da nossa História.
Lamentavelmente, hoje não temos homens dignos do nosso passado, que o saibam honrar e que possam estar à altura de dirigir os destinos da nossa Nação.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

António de Spínola e os sonhos de todos nós.



A 13 de Agosto de 1996 faleceu o Marechal António de Spínola.

A sua importância na História não advirá tanto do facto de ter sido Presidente da República mas sobretudo de ter sido um grande militar, mormente na Guiné, respeitado e idolatrado que foi pelas populações locais, que reconheciam, ao tempo, o seu papel no desenvolvimento dessa nossa província ultramarina.

Após o 25 de Abril, descontente com o desvio ideológico de esquerda radical, é obrigado a fugir para Espanha após o golpe falhado de 28 de Setembro de 1974, o qual tinha por finalidade salvar Portugal de uma ditadura.

Mas o que aqui me interessa e impressiona é a volatilidade da vida e o fim de todos os sonhos: ao folhear um livro que tenho dele, deparo com uma bela fotografia do casal Spínola: ambos muito jovens, com aquela elegância que hoje com muita dificuldade encontramos no nosso dia-a-dia; ela… linda de morrer… e afinal, o que resta? Nada… isto é que nos deve impressionar: a fragilidade das nossas vidas, dos nossos planos para um incerto amanhã, as quimeras…

De facto, o que temos de mais precioso é tão precário… tão breve… para os crentes, apenas existe seguro refúgio na Palavra de Jesus e, como disse São Paulo na sua carta aos Coríntios, "se Cristo não ressuscitou é, pois, vã a nossa fé" (I Cor XV, 13) e nós seríamos os mais desgraçados homens desta terra. Mas não: atentemos em Maria Madalena a quem o amor de Jesus havia salvo: mesmo na Cruz, ela continuou a amá-l’O, como demonstra a sua caminhada até ao túmulo de Jesus, no dia em que Ele ressuscitou dos mortos: ela foi a primeira a ver Jesus ressuscitado, ela que tinha sido uma discípula fiel.

Da mesma forma, se permanecermos fiéis ao Senhor, nós O veremos um dia, na Sua Glória (II Carta de São Paulo aos Tessalonicenses, 1:10).

E aí os nossos sonhos não terão sido em vão.

domingo, 12 de agosto de 2007

Clara de Assis. Memória da Igreja.


Em 1212, a jovem Clara de Assis seguiu os passos de São Francisco e viveu, dentro da clausura e na contemplação, o ideal de pobreza evangélica. Surgiu, assim, a Ordem das Clarissas, ou a Segunda Ordem Franciscana.

Em 11 de Agosto de 1253, Santa Clara de Assis deixou-nos e entrou na glória eterna.

Ao tempo, o seu corpo foi levado para a Igreja de São Jorge onde também repousa São Francisco.

No dia 3 de Outubro de 1260, o corpo é exumado e colocado na Basílica de Santa Clara; ali permanece perto do altar com uma simples inscrição: "Aqui jaz o corpo da Virgem Santa Clara".

Clara de Assis foi uma mulher de rara beleza. O Bem, na verdade, é belo. Por que Clara é bela? Porque o Espírito imprime sempre no corpo a sua forma…

A todos os nossos sonhos...


Aqui deixo, dedicado a todas as Almas puras que “apenas” sabem amar e, em especial, a uma bela Alma (a Ni- ela sabe porquê) esse portentoso "Je te donne" - um hino ao Amor, com a música grandiosa de Beethoven, trabalhada por Ferré.

A poesia deste (também usou na sua música poemas de Baudelaire, Verlaine, Rimbaud e Apollinaire) faz-nos vir as lágrimas aos olhos; é a inexplicável nostalgia que se apodera de nós!...talvez por causa do que nos foi dado viver e por tudo aquilo que não nos foi dado viver; por vezes, até temos nostalgia do tempo que não vivemos...ele bem que falou da solidão, das mulheres, e da amizade que muitas vezes não existe.

"Les fleurs à inventer les jouets d'une comète
Les raisons d'être fou la folie dans ta tête
Des avions en allés vers tes désirs perdus
Et moi comme un radar à leurs ailes pendu
Des embruns dans tes yeux et la mer dans ton ventre
Un orgue dans ta voix chaque fois que je rentre
Des chagrins en couleur riant à ton chevet
Les lampes de mes yeux pour mieux les éclairer
Les parfums de la nuit quand ils montent d'Espagne
Les accessoires du dimanche sous ton pagne
Les larmes de la joie quand elle est à genoux
Le rire du soleil quand le soleil s'en fout
Les souvenirs de ceux qui n'ont plus de mémoire
L'avenir en pilules toi et moi pour y croire
Des passeports pour t'en aller t'Einsteiniser
Vers cet univers glauque où meurent nos idées
Des automates te parlant de mes problèmes
Et cette clef à remonter qui dit " je t'aime "
Un jardin dans ton cœur avec un jardinier
Qui va chez mon fleuriste et t'invite à dîner
Des comptes indécis chez ton marchand de rêves
Un sablier à ton poignet des murs qui lèvent
Des chagrins brodés main pour t'enchaîner à moi
Des armes surréelles pour me tuer cent fois
Cette chose qu'on pense être du feu de Dieu
Cette mer qui remonte au pied de ton vacarme
Ces portes de l'enfer devant quoi tu désarmes
Ces serments de la nuit qui peuplent nos aveux
Et cette joie qui fout le camp de ton collant
Ces silences perdus au bout d'une parole
Et ces ailes cassées chaque fois qu'on s'envole
Ce temps qui ne tient plus qu'à trois... deux... un... zéro


JE TE DONNE TOUT ÇA, MARIE !"

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

O drama do Tempo.



Hoje, através de mão amiga que me fêz chegar o texto, quero aqui colocá-lo, pois que ele é da autoria de um Irmão muito próximo, Frei Isidro Lamelas, sacerdote e frade franciscano. Acerca deste tempo que vivemos: tempo que se diz de “férias” e se pretende que seja de descanso.

Mas será que o aproveitamos bem?

Aqui vai o texto:

“Férias: saber perder tempo"

Para tudo há um tempo debaixo dos céus:
Tempo para nascer e tempo para morrer,
Tempo para procurar e tempo para perder,
Tempo para guardar e tempo para deitar fora" (Ecle 3, 1.6).

Em tempo de férias é sempre oportuno reflectirmos sobre o bem mais precioso
da nossa vida: o tempo.
Perguntem ao estudante que reprovou, quanto vale um ano! Perguntem à mãe que
teve o bebé prematuro, quanto vale um mês! Perguntem aos namorados que não
se viam há muito, o valor de uma hora! Para perceber o valor de um minuto,
perguntem ao passageiro que perdeu o avião! Para perceber o valor de um
segundo, perguntem a uma pessoa que conseguiu evitar um acidente!
Assim nos mostra a vida como é precioso cada ano, cada dia, cada hora ou
fracção de tempo. Será por isso que se diz que "o tempo é dinheiro"? Ou será
que o tempo, como a moeda, se vai desvalorizando na nossa vida cronometrada
do dia-a-dia? E, no entanto, Deus dá-nos todo o tempo do mundo de graça.
Todo o tempo deste mundo: o cronos e o káiros, o tempo medido e o tempo
vivido.
Os antigos consideravam que a verdadeira ocupação do homem era o ócio e não
os negócios. Os monges tentaram manter vivo este ideal do homem ciente da
sua vocação: não fomos criados para trabalhar, mas para louvar o criador;
estamos neste mundo não para explorar a terra, mas para cuidar do jardim da
criação. Ora et labora foi a fórmula de equilíbrio encontrada pelos mestres
espirituais que sempre consideraram o ócio e a contemplação tão importantes
como o trabalho.
Na escola, na família e na sociedade preparam-nos para o trabalho, mas não
nos preparam para o ócio nem nos ensinam a saber "perder tempo". Não nos
faltam meios e propostas para matarmos o tempo, em vez de nos ensinarem a
arte de vivê-lo com sabedoria: uns matam o tempo diante do televisor, outros
"ocupando os tempos livres" para que nunca estejam livres; outros em
actividades radicais, para que nunca cheguem à raiz das coisas e dos
problemas... Matamos o tempo para não nos cruzarmos com a morte, e fugimos à
morte para não nos encontrarmos com a vida.
Passamos a vida a correr contra o tempo, a lamentarmo-nos que "não temos
tempo", quando afinal o tempo só nos foge porque nós corremos contra ele.
Construímos vias rápidas e máquinas velozes para ganhar tempo, mas é o tempo
que foge e passa depressa sem nos permitir contemplarmos a paisagem de cada
dia e saborear as paragens que a vida nos proporciona. Tornamo-nos escravos
do relógio e cada vez sabemos menos "a quantas andamos". Na ilusão de
corrermos contra o tempo estamos a correr contra nós, pois não vivendo
realmente, acabamos por queimar o tempo e a vida.
Como é difícil valorizar o tempo presente que Deus nos dá, vivendo o ritmo
quotidiano da vida. Os mais velhos continuam a sonhar com o passado sempre
"muito melhor" (no meu tempo é que era bom!), enquanto os mais jovens vivem
obcecados com o futuro. Vamos assim contando os dias e os anos sem vivermos
cada momento e cada dia: uns sempre atrasados ou desactualizados, outros tão
avançados que parecem viver noutro planeta e fuso horário.
Necessitamos de reaprender a arte do ócio, de dar tempo a nós mesmos, à
família, aos amigos. Precisamos de perder tempo com coisas "inúteis":
pararmos a admirar o mistério do amanhecer, saborear a brisa da madrugada
que nos fala de Deus, escutar a polifonia dos pássaros que cantam sem
contrato, ouvir o silêncio das criaturas e decifrar as mensagens das
estrelas...
O tempo de férias constitui uma ocasião propícia para acertarmos a vida pelo
relógio do sol e pelo ritmo das criaturas. É o tempo em que podemos tapar os
ouvidos ao bater das horas, para escutarmos mais as batidas do coração.
Longe de ser um tempo para "passar" ou mal gasto, as férias deveriam ser o
tempo bem empregue: onde conseguimos arranjar agenda para nós e para os
outros; onde redescobrirmos que o dinheiro não é tudo, que as melhores
coisas da vida não se compram, pois são grátis, são graça. Longe de ser um
tempo de evasão, as férias deveriam ser tempo de encontro, de reflexão, de
avaliação; deveriam ser uma ocasião para passarmos do tempo de fazer (ter
que fazer), para o tempo de viver, o tempo de experiência da autenticidade e
da criatividade; Uma oportunidade para transitarmos das evasivas utopias da
máquina do tempo para voltarmos a "ter tempo" e a vivê-lo com magia e
fantasia infantil.
Quem dera que pelo menos as nossas férias fossem um tempo da experiência
compartilhada com o outro, tempo favorável ao encontro, tempo cheio de
significados. Como tão bem observou Marcel Proust: "Uma hora não é uma hora,
é um vaso cheio de perfumes, sons, projectos e climas". Uma vida não é vida
se não for assim: cheia de perfumes, sons, projectos e climas. Pois, afinal,
a vida não é o tempo e os anos que vamos contando, mas uma história de
tempos, lugares e encontros cheios de tudo isso.
Dizia a raposa ao Princepezinho, "foi o tempo que perdeste com tua rosa que
fez tua rosa tão importante". Porque esta continua a ser uma verdade
esquecida entre os humanos, é importante que haja quem saiba e ensine a
"perder tempo" com o mais importante. E o mais importante continua a ser
"criar laços" e "deixar-se cativar".
.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

A Paixão...




"Quem vê, Senhora, claro e manifesto

O lindo ser de vossos olhos belos..."


Luis de Camões, "Sonetos".

Camões, um mestre da paixão e do amor...