Dies Domini

Sartre escolheu o absurdo, o nada e eu escolhi o Mistério - Jean Guitton

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Localização: Lisboa, Reino Portugal Padroeira: Nª Srª Conceição, Portugal

Monárquico e Católico. intransigente defensor do papel interventor do Estado na sociedade. Adversário dos anticlericais saudosos da I República, e de "alternativos" defensores de teses “fracturantes”. Considera que é tempo, nesta terra de Santa Maria, de quebrar as amarras do ateísmo do positivismo e do cientismo substitutivo da Religião. Monárquico, pois não aliena a ninguém as suas convicções. Aliás, Portugal construiu a sua extraordinária História à sombra da Monarquia. Admira, sem complexos, a obra de fomento do Estado Novo. Lamenta a perda do Império, tal como ocorreu.

sábado, 30 de setembro de 2006

E se ilegalizássemos o Islão? (II) A Igreja perseguida na Somália


A Somália está localizada no extremo leste do continente africano.

Com mais de sete milhões de habitantes, mais de um milhão já abandonou o território, fugindo do caos social que aí se vive.

Até 1993, cerca de 250 mil pessoas morreram vítimas da fome e da guerra civil. A grande maioria da população pertence à etnia somali, que se divide em inúmeros clãs.

Após anos de guerra civil, a economia está destruída. Pontifica o narcotráfico e a venda de armas.

A Somália tornou-se independente em 1960, quando italianos e britânicos se retiraram.

Durante a chamada “guerra-fria” “beneficiou” da ajuda económica da ex-União Soviética. Mais tarde, dos Estados Unidos. Todavia, conflitos internos e externos conduziram o País, em 1991, a uma guerra civil, com cerca de 20 “clãs” armados lutando entre si pelo poder.

Em 1992, as Nações Unidas intervêm e, apesar da luta entre os diversos clãs ainda persistirem, um governo de transição foi formado no ano de 2000.

Ora, o islamismo é a religião oficial da Somália, apesar de os primeiros missionários cristãos terem aí chegado em 1881. Os somalis, convertidos ao Cristianismo, no ano de 1974 foram obrigados a abandonar o País.

Em 1995, havia mais de 100 mil cristãos na Somália, mas todos vivem sob uma atroz perseguição.

Recuemos ao ano de 1972, quando o governo se apropriou da propriedade das Igrejas. Com a perda de suas instalações, a maioria dos missionários cristãos deixou o país, pois que os muçulmanos vão ao ponto de acusarem os movimentos cristãos de, paralelamente à ajuda humanitária prestada, divulgarem o Evangelho. Eis a grande tolerância que o Islão apregoa!

Na Somália vive-se um drama esquecido pela Europa. Os combatentes islâmicos desafiam o Governo instituído, e os cristãos são alvo de ataques e assassinatos. Com efeito, nos dias que correm, as forças governamentais perderam já várias províncias para a denominada "União dos Tribunais Islâmicos" (UTI) , organização sinistra que pretende liquidar todos os "infiéis".

Hoje em dia, perseguidos pelos muçulmanos, os Cristãos vivem na clandestinidade. Caso sejam identificados correm o risco de serem assassinados, como aconteceu recentemente com um jovem crente em Mogadíscio, que foi morto por um elemento da "UTI" por se ter recusado a juntar-se à multidão que entoava versos do Corão durante um eclipse lunar.

Com o Executivo fragilizado e a violência a aumentar no país, dezenas de milhar de somalis procuram refúgio no Quénia. Mas a influência da "UTI" também aí se faz sentir.

Campos de refugiados foram criados pelas Nações Unidas mas, trágica realidade, os Cristãos somalis recusam-se a neles permanecer, pois consideram ser estes mais inseguros que as ruas dos bairros pobres de Nairobi onde vivem, porquanto os funcionários destes campos são maioritariamente muçulmanos!

Possa António Guterres, Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, dar um “safanão” a esta Europa adormecida e sem consciência!



Nota I: em jeito de nota de rodapé, e sem ser exaustivo, refira-se também as notícias vinda a lume sobre extremistas hindus que açoitaram dois Cristãos no último domingo (24 de Setembro), em Madhya Pradesh. Foram levados a um posto policial e acusados de promover conversões “forçadas”. Dois dias antes dois evangelistas do mesmo Estado foram espancados, acusados de “ferir os sentimentos hindus”.
Segundo Cristãos que testemunharam o ataque, os extremistas cuspiram e rasgaram a Bíblia.

No Iraque, deu-se um aumento da violência contra os cristãos.

Muitos Cristãos têm sido assassinados, ou sequestrados, as Igrejas têm sido incendiadas e bombardeadas.
Além da luta sangrenta entre os muçulmanos xiitas e sunitas, a violência também é dirigida contra os Cristãos.

Na manhã de domingo, 24 de Setembro, a Igreja do Espírito Santo foi atingida por tiros de muçulmanos que queriam que o Bispo local condenasse o discurso do papa.

Em Bagdade e Mosul, várias igrejas foram de novo atacadas: na manhã de 27 de Setembro, um grupo de homens lançou explosivos contra a Igreja Caldéia do Espírito Santo, em Mosul.

Não venham, pois, dizer que o Islão prega a tolerância!

Não se poderá ilegalizá-lo?!

Nota II: a foto é da autoria de AP/Karel Prinsloo - in "Somalia News".

quinta-feira, 28 de setembro de 2006

E se ilegalizássemos o Islão? (I)



Pululam por aí uns pobres coitados, esquizofrenicamente de esquerda, daquela que produziu os maus “frutos” que todos conhecemos, mas que eles teimam em dizer que são bons, e que zurzem apenas no Cristianismo. Este é o seu único inimigo. Não têm problemas com o Islamismo, Budismo, por aí fora. O que os incomoda e os faz espumar de raiva é, com efeito, a mensagem de Cristo. Essa, sim, os faz contorcer como se fossem atingidos por água benta…

Vêm estas linhas a propósito da nova “polémica” criada em torno do discurso de Bento XVI na Universidade Regensburg.

Muitos líderes islâmicos reagiram mal a esse discurso e exigem um pedido de desculpas.

Bento XVI lembrou um diálogo entre o Imperador bizantino Manuel II Paleológo, Imperador do Oriente entre 1391 e 1425 e antepenúltimo Imperador de Constantinopla, e um persa culto que tinha conhecimentos do Cristianismo e do Islão.

Neste diálogo vem uma afirmação que é a base de toda a polémica.

Ora, no texto (que trata da Jihad -Guerra Santa) – o imperador diz: “Mostre-me o que Maomé trouxe de novo, e lá encontrará apenas coisas más e desumanas, como a sua orientação de espalhar pela espada a fé que ele pregava”.

Ora, Bento XVI teve em mente apenas isto: a difusão da fé, através da violência, é irracional e nunca deve ser “sustentáculo para a violência”.

Os fanáticos que lutam contra a Igreja Católica lembram, sempre a (des) propósito, as cruzadas, esquecendo, porém, que estas foram uma resposta à agressão iniciada pelos muçulmanos contra os territórios cristãos!

Esquecem, ou desconhecem, porque ignorantes, que os Evangelhos não fazem, como o Alcorão, a apologia da propagação da Fé através da espada!

Ao invés, a expansão do Cristianismo fez-se à custa de numerosos mártires e não através da conquista.

Será que a nossa Europa está agora refém do pensamento “politicamente correcto” da “gauche” "gay" e irresponsável? Será que nós, europeus, estamos a ficar uma colónia do Islão?

Como afirmou Oriana Fallaci no seu livro “A Força da Razão”, “O Islão é uma montanha que em mais de 1400 anos não se mexeu, não saiu do abismo cego em que se encontra, não abriu as portas à conquista da Civilização, e nunca quis saber de liberdade, democracia e progresso. Resumindo, não mudou.”

Tal como os “gauchistes” petrificados que vivem no meio de nós…

E é mentira que os islâmicos querem impor a todo o mundo, pela via da força, a sua visão da História, da sociedade e da Fé?

Não compreender isto é tão estúpido!

Como já tenho afirmado, não há maior cego que aquele que não quer ver…

sábado, 9 de setembro de 2006

E o nome da Virgem era Maria...


No dia que agora terminou, 8 de Setembro, celebra-se o nascimento da mulher mais ditosa da história da humanidade: a Virgem Santa Maria.

Na Missa desta Festa, a antífona de entrada assim nos interpela:

“Exultemos de alegria no Senhor,
Ao celebrar o nascimento da Virgem Santa Maria,
Da qual nasceu o sol da justiça, Cristo nosso Deus.”


Maria é apresentada pela Liturgia como a Virgem Bela e Gloriosa que Deus amou com predilecção desde a Eternidade, desde toda a Criação, como a Sua obra-prima, enriquecida das Graças mais sublimes e elevada à excelsa dignidade de Mãe de Deus e de Bem-Aventurada Virgem.

A celebração da festa da Natividade da Santíssima Virgem Maria é conhecida no Oriente desde o século VI. Foi fixada em 8 de Setembro, dia com o que se abre o ano litúrgico bizantino, e que se fecha com a Dormição, em Agosto. No Ocidente foi introduzida no século VII e era celebrada com uma procissão-ladainha, que terminava na Basílica de Santa Maria Maior.

O Evangelho não nos dá dados acerca do nascimento de Maria. Uma corrente grega e arménia, assinala Nazaré como tendo sido o Seu berço.

Como disse João Paulo II, "Maria leva-nos a aprender o segredo da alegria cristã, recordando-nos que o cristianismo é, antes de mais, euanghelion, "boa nova", que tem o seu centro, aliás o seu próprio conteúdo, na pessoa de Cristo"

Eu, enquanto pobre peregrino nesta terra inóspita que meus pés cansados percorrem, em busca da Luz e da Paz, tenho apenas estas palavras de ansiedade e esperança:

"Fica connosco, Senhor, pois a noite vai caindo" (cfr. Lc 24,29).

Que palavras consoladoras, as de João Paulo II, na sua Carta Apostólica "Mane Nobiscum Domine":

"Ao longo do caminho das nossas dúvidas, inquietações e às vezes amargas desilusões, o divino Viajante continua a fazer-se nosso companheiro (...). Quando o encontro se torna pleno, à luz da Palavra segue-se a luz que brota do "Pão da vida", pelo qual Cristo cumpre de modo supremo a sua promessa de "estar connosco todos os dias até ao fim do mundo" (cf.Mt 28,20).

Imagem: Tamra Maryam (Milagres da Abençoada Virgem Maria)

Manuscrito etíope, meados do séc. XVII (com uma pintura da Virgem, em pergaminho, início do séc. XVI).

(British Library Oriental )

sexta-feira, 8 de setembro de 2006

Contos de Xerazade: no passamento de Naguib Mahfuz



O Anjo da Morte visitou, no passado dia 30 de Agosto, no Velho Cairo, Naguib Mahfuz, escritor egípcio aí nascido em 11 de Dezembro de 1911.

Considerado o maior cronista do Egipto contemporâneo, é o único escritor em língua árabe a receber o Prémio Nobel de Literatura (1988) em reconhecimento da sua longa trajectória como poeta e romancista.

Por vezes, após o desaparecimento de alguém é que, de modo dramático e sem possibilidade de redenção, nos damos conta da sua existência.

Aconteceu-me agora com este escritor.

A usufruir de uns poucos dias de paz à beira-mar, aqui na vilazinha do Burgau, felizmente esquecida pelas hordas que invadem o Algarve, trouxe comigo o livro daquele, intitulado “ As Noites das Mil e Uma Noites”. Tinha-o de certo modo perdido, algures nas estantes da casa de Lisboa, à espera de uma oportunidade para ser lido. Com o passamento de Mahfuz, trouxe-o para a beira-mar, e aqui o li em dois dias, sofregamente.

Hoje, ao fim do dia, ao deslizar a última folha do livro, pensei, a contemplar o mar que tanto amo, como o mundo poderia ser o Paraíso, a fonte da nossa alegria, onde poderíamos viver para sempre, na companhia daqueles que amamos, à Sombra de Deus, tendo-O ao alcance da nossa mão, aquele Mundo que Deus inicialmente criou mas que o Mal se apressou a destruir. E esse mesmo Mal está patente nas belas páginas do romance. A inveja, a arrogância, a prepotência, o desejo de poder, a ganância, a luxúria desenfreada são os motivos de queda das inúmeras personagens que percorrem as “Noites” de Mahfuz.

Personagens tentadas pelo Mal e que por ele se deixaram seduzir. Umas foram até ao fim, na sua vida desprezível. Outras, perante o precipício, recuaram, procurando, no seu último suspiro, o perdão de Deus e dos homens.

Com efeito, e segundo uma das personagens deste romance, “ As suas almas serão arrebatadas um dia quando estiverem a transbordar de pecados – disse Singam - O arrependimento pode preceder a chegada da hora da morte” (respondeu Sahloul, o Anjo da Morte que percorre estas crónicas de Mahfuz).

Mas esta reflexão acerca da natureza do Homem é feita através de uma forte e bela poesia, da construção de sólidas imagens que nos transportam para um outro mundo que nada tem a ver com o nosso (decadente) Ocidente. E pensei, contemplando a beleza do mar, que todos os Homens poderiam entender-se, pois creio que na diversidade está a riqueza deste Mundo.

Todavia, no ponto dramático da História do Homem em que estamos, creio bem que o entendimento a nível de Países, Nações, de Povos, é praticamente impossível. Mas acredito que, a um nível pessoal, é possível a paz a compreensão e o amor entre homens de civilizações e credos diferentes.

Estas páginas de Mahfuz apenas poderiam ser construídas por uma Alma nascida noutra civilização, com outros valores que não os deste velho Ocidente que, pela sua indiferença religiosa e relativismo moral, me deixa triste e envergonhado.

Pondo de lado essa anomalia chamada “fundamentalismo islâmico”, que aliás foi combatida por Mahfuz, tudo teríamos a ganhar com a partilha de outras vivências e outras civilizações, que aliás já vêm descritas no Velho Testamento…

Mas o Homem, dito “moderno”, em nada acredita senão no deus-dinheiro, e nas inutilidades que com este pode adquirir, alienando-se quotidianamente e vivendo de ilusões. Deus deve estar triste com o rumo que o Seu Mundo tomou…

Para nos consolarmos, resta-nos páginas de indizível beleza, deixadas por homens desprendidos de tudo, excepto do essencial: do Trabalho honesto e dedicado, da Cultura, do Amor, da Beleza, da Fé. Como Naguib Mahfuz



Obras como esta, levam-nos a concordar que o Amor, nas suas diferentes expressões, é a única coisa que importa e que pode redimir o Homem: aqui deixo este excerto de Mahfuz, em jeito de conclusão:

“ A brisa primaveril acariciava-os e levava-lhes as fragrâncias do céu azul. A sua felicidade fê-los esquecer o tormento e a confusão. A paz cobriu a terra e, com um movimento tão natural como o canto das aves, deram a mão”.



domingo, 3 de setembro de 2006

O dom da contemplação e a devoção à Imaculada Conceição da Virgem Maria



“Todos os bens me vieram juntamente com ela e pelas suas mãos recebi inumeráveis riquezas. Quem tem a seu favor a Santíssima Virgem (e têm na todos os que a amam deveras) possui um tesouro infinito, porque possui o próprio Deus.”

(do Livro da Sabedoria)

Vem este excerto a propósito desta última sexta-feira, dia 1 de Setembro, no qual a Igreja celebra a memória de Santa Beatriz da Silva, Virgem.

Com efeito, S. Beatriz da Silva, filha de pais portugueses, nasceu em Ceuta por volta de 1424 ou 26. (embora o Padre Marcelino Caldeira, na sua biografia sobre a santa, afirme que ela nasceu em Campo Maior, filha de D. Rui Gomes da Silva, Alcaide-Mor da Vila).

De qualquer modo, viveu a jovem nas mágicas planícies do nosso Alentejo, e daqui passou à corte de Castela em 1447 como dama de honor da Infanta D. Isabel de Portugal. Esta, já Rainha em Espanha, ciumenta da beleza de Beatriz, fechou-a num cofre, ou nu~m caixão, ou emparedou-a mesmo, supondo que assim morresse a jovem. Contudo, nos dias em que permaneceu nessa prisão, apareceu-lhe a Virgem Maria com o Menino Jesus nos braços, protegendo-a.

Não tendo conseguido os seus intentos, a Rainha deixou-a partir para onde quisesse, e ela retirou-se para Toledo, onde permanceu cerca de 30 anos.

Ali, e ajudada pela Rainha Isabel, a “ Católica” (filha daquela que a tentara matar) fundou a Ordem das Concepcionistas Franciscanas.

Com efeito, em 1484 fundou o Instituto que mais tarde tomou o título da Imaculada Conceição de Nossa Senhora (Concepcionistas) e que foi aprovado pelo Papa Inocêncio VIII em 1489.

Pouco depois de fazer profissão religiosa, faleceu com fama de santidade, tendo sido beatificada pelo Papa Pio XI em 28 Julho de 1926, e canonizada por Paulo VI a 3 de Outubro de 1976.


Hoje em dia, em Campo Maior, celebra-se no 1º Domingo de Setembro (precisamente hoje) a Festa litúrgica de Santa Beatriz da Silva, que compreende Missa e Procissão. Esta, integrando a imagem da Santa, sai da Igreja de São João.

Para além deste perfume de santidade, vejam como se respira aqui toda a poesia das Almas que se abandonam a Deus e ao amor à Virgem Maria...