Dies Domini

Sartre escolheu o absurdo, o nada e eu escolhi o Mistério - Jean Guitton

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Localização: Lisboa, Reino Portugal Padroeira: Nª Srª Conceição, Portugal

Monárquico e Católico. intransigente defensor do papel interventor do Estado na sociedade. Adversário dos anticlericais saudosos da I República, e de "alternativos" defensores de teses “fracturantes”. Considera que é tempo, nesta terra de Santa Maria, de quebrar as amarras do ateísmo do positivismo e do cientismo substitutivo da Religião. Monárquico, pois não aliena a ninguém as suas convicções. Aliás, Portugal construiu a sua extraordinária História à sombra da Monarquia. Admira, sem complexos, a obra de fomento do Estado Novo. Lamenta a perda do Império, tal como ocorreu.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Teresa d'Ávila e o Corpo do Senhor.


Não sei se Teresa de Cepeda y Ahumada foi excessiva. De qualquer forma, Deus desgosta-se dos tíbios, dos “mornos”, daqueles que não conseguem definir-se e ter um gesto forte na Sua direcção.

Um filme sobre Santa Teresa de Ávila, que tem por cartaz uma imagem da mão de Jesus pousando no ombro nu de Teresa, aí está em exibição. E não resisiti a vê-lo nesta noite de Domingo.
Tal fime, castelhano, apresentou a relação da Santa com Cristo de um ponto de vista muito sensual e foi, por esse motivo, criticado pela Igreja Católica castelhana.

Contudo, creio que, apesar de algumas cenas algo “barrocas”, o filme consegue transmitir-nos toda a paixão que alimentou a vida daquela que viria a ser conhecida como Santa Teresa de Ávila.

A santa que nos foi dado ver é a Teresa que sente na sua martirizada carne pelo cilício, a paixão por Jesus Cristo, que O vê na sua cela e que desmaia sob o poder da emoção da Fé…

O que incomodou a Igreja espanhola não me choca, e tenho-o interiorizado: penso na condição especial da mulher, a mulher mística, dedicada a Deus, esposa de Cristo como se costuma dizer: bem que poderá esta sentir na carne essa sua paixão violenta, que a consome por dentro. E daí? Não somos, para além de espírito e alma, também carne? Esta também não sente? Deus assim nos fez… e a não aceitação desta realidade mais confunde e perturba os crentes, já por demais culpabilizados por esta dualidade entre espírito e carne…


Este filme descreve Teresa de Ávila tão somente como uma mulher humana, bela, certamente sensual, revolucionária na sua época - vejam-se os interesses instalados no seio da Igreja e o odioso papel desempenhado pelos dominicanos…não fora a intercessão dos Jesuítas e Franciscanos, estes últimos na pessoa de (São) Pedro de Alcântara, e ela não teria escapado da fogueira da Inquisição!


Mas a história seria outra: São Pedro de Alcântara e Santa Teresa de Ávila foram duas almas que bem se compreenderam e acabaram a realizar reformas monásticas que se tornaram célebres na história da Igreja. A austeridade do Carmelo reflecte o espírito de Pedro de Alcântara que soube compreender e explicar todas as provações da vida espiritual da Santa, esclarecendo o Bispo de Ávila de que as visões da Religiosa provinham de Deus, e não do Inimigo, como aventavam aqueles dignitários da Igreja, afinal homens sem fé, apenas funcionários de Roma…


Quem me dera que Jesus também pousasse no meu ombro a Sua mão, dizendo-me:
Vem Comigo, acompanha-Me, e não te preocupes: os teus pecados lavei-os com o Meu Sangue, há dois mil anos…



Nota: foto da actriz Paz Vega, no papel de Santa Teresa, no filme "Teresa - El cuerpo de Cristo", retirada do excelente "site" do filme: http://www.teresalapelicula.com/

domingo, 24 de junho de 2007

Desejos de Domingo...



Já entrámos no Domingo - duas da manhã. Estou a trabalhar nesta noite, aqui no escritório. Adiantar trabalho... parece-me que vou ter de fazer uma directa.... ai esta vida moderna!

Entretanto, lembrei-me de vir aqui escrevinhar estas linhas. Uma espécie de desejo - que neste Domingo ela, que tem um corpinho assim, vista um "tailleur" "comme il faut" (que lhe fica sempre bem...) e que possamos ir por aí, sem pressas, percorrer esta cidade de Lisboa que é a nossa, ver a luz maravilhosa desta cidade, pisar as suas ruas, mais calmas neste dia, se possível com umas sandalinhas nos pés que estes também pedem descanso...

E, como é o Dia do Senhor (Dies Domini...) iremos à Igreja de Santo António, louvar este incomparável Servo de Deus, e louvar o Senhor que o criou para felicidade de todos nós...

sábado, 23 de junho de 2007

O Guerreiro de Deus.



Nesta noite de Sexta-Feira desloquei-me ao Centro Comercial das Amoreiras (de resto, o único que merece ser visitado - o mais distinto, o mais tranquilo). Fui com o propósito de ver o filme que aí está há cerca de uma semana: "Santo António - Guerreiro de Deus".

No século XII, uma cidade é usurpada pelos usurários: Pádua.

Ali vivem aqueles que detêm as rédeas de todo o poder: económico, político, judicial. E, também, os... outros...

Um simples e radical franciscano - António – ali se instala, clamando contra os poderosos da época (hoje aí estão eles, com outras roupagens, mas com o mesmo coração), e a sua impiedosa usura, que leva à ruína não só aqueles que já são pobres, mas também muitos que vivem com certo desafogo económico e que, de uma maneira ou de outra, acabaram por cair nas malhas dos agiotas. A História repete-se... ontem como hoje…

O filme retrata muito bem a Idade Média, com todo aquele forte misticismo, as cidades fechadas intra-muros, as Igrejas de pedra, onde no seu interior escuro e sombrio se agitam as emoções... E a vida extremamente violenta...
Registos fortes existem ao longo de todo o filme. Como a passagem, daquele que viria a ser Santo, da Morte corporal para a Vida Eterna!
Digo, com Santo António, às forças que hoje aí estão em nosso redor:
Ecce Crucem Domini!
Fugite partes adversae!
Vicit Leo de tribu Juda,
Radix David! Alleluia!

terça-feira, 19 de junho de 2007

Recordando-me da parábola dos talentos...


Hoje, ao responder a um Amigo, lembrei-me da parábola dos talentos....

A parábola dos talentos é aquela que nos diz que eles nos são dados, qual benção divina, não para serem enterrados, escondidos, mas para que os seus frutos sejam visíveis. Caso contrário, esses talentos serão estéreis e perder-se-ão…

Em consequência, há que transformá-los em bons frutos para os outros, aplicar esses mesmos talentos para ajudar-mos os nossos irmãos…
Quando, na minha actividade profissional, tomo alguma decisão, ela tem sempre como bússola o Bem, que se deverá reflectir nessa mesma decisão.

E tenho perfeita consciência de que, não fora Jesus ter-me envolvido com os seus braços e recolhido à Sua Sombra, e nada tinha feito na vida, nada tinha conseguido... a Ele devo tudo o que sou... resta-me procurar ser-lhe fiel e perfeito (quanto um homem pode ser perfeito com este pobre barro a limitar-lhe os voos da Alma...), e pôr a render os talentos que Ele me deu, orientados sempre para o Bem, os quais, de resto, são d'Ele, não meus...

domingo, 17 de junho de 2007

No fim da semana, duas maravilhas da nossa Fé...



No fim desta semana a Igreja celebrou duas maravilhas da nossa Fé... na Sexta-feira, a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus e, no Sábado, o Imaculado Coração de Maria.


Quanto a esta última, recordemos a pequena Bernardette, que perguntou, em Lourdes, quem Ela era... e obteve esta resposta: "Eu sou a Imaculada Conceição".


Nos dias que passam, chamar a essa linda Senhora de Imaculada, é reconhecer o dom maravilhoso que Lhe foi dado por Deus, ao qual Ela soube tão bem corresponder ao longo da Sua vida terrena. De facto, Ela foi a Mulher mais pura e mais Santa de toda a História da Humanidade. Aquela que nunca pecou, ou seja, que nunca foi infiel a Deus.


Hoje, os homens fiéis a Cristo, embora mergulhados nesta sociedade profundamente doente, lutam para que o pecado seja vencido: o pecado do esquecimento do próprio Deus, o pecado do esquecimento do nosso irmão, da injustiça que sobre ele cai sob a forma do desemprego, da pobreza, da falta de assistência na doença, a solidão desamparada.


A esperança de salvação para este mundo está depositada em todos os Crentes de boa vontade, que não se limitam a cumprir os preceitos da Lei, tal como os fariseus contemporâneos de Jesus, mas sim em lutar verdadeiramente contra o Mal.


Para tal tarefa que se afigura gigantesca, confiemos no doce Coração de Jesus, reconhecido como Rei pelas famílias a seus pés prostradas, cidades e Nações como (ainda é...) a nossa...

Nota: Jesus e Santa Margarida Maria Alacoque.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Santo António nas ruas de Lisboa.


No dia 13 de Junho, celebra-se Santo António, com diversas missas a terem lugar na Igreja de seu nome, aqui em Lisboa, e a tradicional procissão em sua honra, que tem ali início, percorrendo-se depois a zona de Alfama até à Sé: Cruzes da Sé, Rua de S. João da Praça, Largo de S. Rafael, Rua de S. Miguel, Rua da Regueira, Rua dos Remédios, Rua do Vigário, Largo de Santo Estevão, Rua das Escolas Gerais, Travessa de S. Tomé, Largo das Portas do Sol, Largo de Santa Luzia, Rua do Limoeiro, Largo de S. Martinho, Rua Augusto Rosa, Largo da Sé e Igreja de Santo António.

Este é o itinerário daqueles que amam Santo António, e uma “via crucis” para aqueles que, em honra do Santo, querem fazer este percurso descalços, através das ruas estreitas, tão bonitas mas, infelizmente, pejadas de vidros das garrafas que os inconscientes foliões lançam na via pública, sem que a Câmara providencie, na madrugada do dia 12 para 13, a respectiva limpeza.


As procissões são uma das práticas mais enternecedoras da nossa fé. O sagrado sai das quatro paredes da Igreja e atravessa as artérias da cidade, purificando-a e espalhando a bênção de Deus…

Na província, num tempo em que o nosso País era apelidado de “ atrasado” (agora temos um Portugal pleno de modernidade…) o povo ia pelos campos, acompanhado do seu prior, o qual procedia à bênção dos mesmos, quando a natureza estava a despertar de um longo Inverno…


Como são belas as procissões, em que as forças vivas de uma cidade vila ou aldeia se encontram e convivem sem complexos, em que os crentes de todas as condições sociais exteriorizam a sua fé, esquecendo pruridos e conveniências…

Que dizer da beleza dos estandartes, bem erguidos pelos irmãos das diversas Fraternidades e Irmandades, representativas dos diversos carismas que se vivem no seio da Igreja?

No dia de hoje, no encerramento da procissão, as belas palavras de Vítor Melícias (o novo provincial dos Franciscanos), proferidas no Largo da Sé, pejado de povo, encheram-me de comoção; através da sua oratória, foi percorrido um Portugal há já muito tempo esquecido, vilipendiado, um Portugal outrora respeitado e até temido. E foi referido o Portugal de hoje, que se quer mais solidário, aberto ao Mundo e à comunhão fraterna de todos os povos que aqui confluem, tal como desde o tempo do inicio da nacionalidade…


E pensar que as procissões já estiveram proibidas no nosso País!

Hoje em dia todos nós, ao descobrirmos que afinal estamos cansados das “virtudes” da dita “modernidade”, queremos antes beber da fonte do Mistério, e estes momentos de peregrinação – exterior e interior – são propícios à reafirmação da nossa própria identidade, permitindo-nos o apaziguamento com o nosso quotidiano.

domingo, 10 de junho de 2007

O Dia da Raça



Antes da “Revolução dos Cravos”, a 10 de Junho comemorava-se o Dia da Raça.

E que "raça" era esta? Simplesmente a raça de um povo que sempre foi original face aos outros povos europeus. Povo com uma História de 8 séculos; com um Estado dos mais antigos da Europa (actualmente em derrocada…) e com um Império inigualável na vastidão dos territórios e na criação de uma nova sociedade, fraterna e plurirracial, aliás querida e aceite, ao tempo, por negros e brancos.

Hoje, quem for intelectualmente honesto reconhecerá que o nosso Ultramar, mesmo com o advento do actual regime político, deveria ter sido defendido porque lá estavam milhões de portugueses, pretos e brancos, os quais queriam viver sob a nossa bandeira e usufruir da nossa paz, da nossa cultura, da nossa civilização. Hoje, os brancos honestos abandonaram a nossa África, deixando a mesma aos arrivistas, nada restando já das nossas infra-estruturas – escolas, liceus, hospitais, fábricas, portos… o bem-estar e o progresso enfim…

Hoje, o que lá existe é a selvajaria daqueles que se entregaram, ao longo de 13 anos de guerra, à destruição em nome do comunismo internacional. E que perseguem o seu próprio povo…

Viu-se quem ficou, em Angola ou Moçambique, a explorar as imensas riqueza: os soviéticos, os cubanos, os americanos. Hoje, os chineses…e o povo sofredor vegeta na mais triste miséria…

A perda do nosso Ultramar foi uma traição a todos os (verdadeiros) portugueses, não enfeudados a ideologias marxistas, e uma traição a todos aqueles que lá estavam a trabalhar, a investir… recorde-se que Angola, em 1970, era uma verdadeira explosão económica no panorama do continente africano. Tudo se perdeu com a ajuda de todos aqueles que se ajoelharam perante a ideologia do Mal … perdemos nós, perdeu o povo africano…

Resta-nos este pequenino rectângulo: no contexto da União Europeia, com o fim das Nações, até quando?

Em África, sofreram e morreram em combate negros e brancos, irmanados na mesma causa: um só povo, formando uma só Nação: Portugal estava aberto a todos os seus filhos.

Como disse Marcello Caetano, “Portugal é de todos nós. Nós todos somos Portugal!”.

Hoje, não seria incompatível, com a vigência de um regime parlamentar, democrático como se diz, a manutenção desse espaço de prosperidade económica e social que foi o nosso Ultramar. Contudo, a cobiça das outras Nações Europeias, e não só, determinaram a sua perda…ventos da História...

No dia da Raça e de Camões exaltava-se a Nação e o Império, a Metrópole e as Colónias.

Hoje, não sabemos bem o que se comemora…


Deixo aqui este poema de Manuel Alegre, o qual, curiosamente, hoje rema contra a maré…

“PAÍS DE MUITO MAR


Somos um país pequeno e pobre e que não tem
senão o mar
muito passado e muita História e cada vez menos
memória
país que já não sabe quem é quem
país de tantos tão pequenos
país a passar
para o outro lado de si mesmo e para a margem
onde já não quer chegar.
País de muito mar
e pouca viagem.”

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Corpus Christi - Presença Eterna.


Hoje a Igreja celebrou a Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo – o comummente chamado “Corpo de Deus”.

De facto, solenidade antiga, já advém do Concílio de Trento, que determinou que em determinado dia do ano fosse celebrado este sacramento.

Na cidade de Lisboa, na qual (ainda) se pode celebrar nas ruas esta festa católica (em Espanha, sob a batuta de Zapatero, tal já não é possível…), recordemos que a mesma já foi proibida, bem como em todo o País de resto, sob os “auspícios” da 1ª república ateia e maçónica, apesar da solenidade ser muito antiga e pertencer ao património cultural e religioso de todo um povo. Provavelmente festa ainda anterior às muito conhecidas procissões de Santo António e da Senhora da Saúde.

É caso, pois, para nós, Católicos, participarmos em peso, para demonstrar, aos inimigos de Deus, a nossa força, a nossa vontade, o nosso querer inquebrantável de podermos rever-nos num País que seja verdadeiramente nosso, que tenha sentido aos nossos olhos e que não seja refém de interesses inconfessáveis.

Por mim, estive presente, com os meus irmãos franciscanos, percorrendo as ruas desta Baixa Lisboeta que tanto amo, e vendo a mesma sob um outro prisma: o Tempo suspenso, assistindo à passagem, uma vez mais, do nosso Jesus…

Como afirmou Josemaría Escrivá de Balaguer, no seu “Cristo que passa”, “A procissão do Corpo de Deus torna Cristo presente nas aldeias e cidades do mundo. Mas essa presença (…) não deve ser coisa de um dia, ruído que se ouve e se esquece. Essa passagem de Jesus lembra-nos que temos também de descobri-Lo nos nossos afazeres quotidianos”.


Vamos, pois, fazer Jesus presente no nosso quotidiano.... sempre!