Dies Domini

Sartre escolheu o absurdo, o nada e eu escolhi o Mistério - Jean Guitton

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Localização: Lisboa, Reino Portugal Padroeira: Nª Srª Conceição, Portugal

Monárquico e Católico. intransigente defensor do papel interventor do Estado na sociedade. Adversário dos anticlericais saudosos da I República, e de "alternativos" defensores de teses “fracturantes”. Considera que é tempo, nesta terra de Santa Maria, de quebrar as amarras do ateísmo do positivismo e do cientismo substitutivo da Religião. Monárquico, pois não aliena a ninguém as suas convicções. Aliás, Portugal construiu a sua extraordinária História à sombra da Monarquia. Admira, sem complexos, a obra de fomento do Estado Novo. Lamenta a perda do Império, tal como ocorreu.

quinta-feira, 25 de maio de 2006

Luandino Vieira à semelhança de São Francisco, ou as voltas que a Vida dá...


Segundo o “Correio da Manhã”, o escritor angolano (por opção, uma vez que ele nasceu em Vila Nova de Ourém) Luandino Vieira, recusou o Prémio Camões e os respectivos 100 mil euros, alegando “razões pessoais e íntimas”.

Segundo o mesmo jornal, apenas o escultor José Rodrigues, que acolhe o escritor no seu Convento de S. Paio, em Vila Nova de Cerveira, não se surpreendeu.


Relata José Rodrigues que ele vive “ como um franciscano”. Parece que se retirou (fisicamente) do Mundo mas “continua atento a tudo o que acontece”.

Segundo o escultor, Luandino Vieira “passa os seus dias a passear pelos montes, a falar com os passarinhos e os animais e a escrever cartas”.

Faz-me lembrar São Francisco, filho de um rico comerciante de tecidos, que renunciou definitivamente aos bens materiais, dando à sua vida um novo rumo, tornando-se o Santo dos pobres e humildes e protector dos animais…dando, no fundo, valor àquilo que é, na verdade, essencial nesta nossa peregrinação: o amor, a amizade, a solidariedade. E desprezando as ilusões deste mundo…

Eu creio que, neste pequeno círculo do Incursões, também vamos, de certo modo em paralelo com o caminho de São Francisco e, para as nossas “girls” incursionistas, à maneira de Clara de Assis, realizando esse desiderato de fraternidade…

A notícia continua, chamando a atenção para o facto de Luandino continuar a escrever. Prepara uma obra intitulada ‘O Livro dos Rios’, primeiro volume da trilogia ‘De Rios Velhos e Guerrilheiros’, a lançar em Novembro.

Parece-me que vou ficar atento…

terça-feira, 16 de maio de 2006

A Poesia da Monarquia...


Este é o belo retrato da Infanta Santa Joana, em trajo de corte. Muito comovente e de rara beleza.

Foi Princesa de Portugal, filha do Rei D. Afonso V e da Rainha, sua mulher, D. Isabel.

Nascida aqui em Lisboa a 6 de Fevereiro de 1452, faleceu no Convento de Aveiro a 12 de Maio de 1490.

O nascimento desta linda e bondosa Princesa causou uma grande alegria, pois não havia sucessor.

Logo no berço foi jurada em cortes por Princesa herdeira do Reino, titulo que pela primeira vez se dava em Portugal.

O nome de Joana, que recebeu no Baptismo, foi dado em honra de S. João Evangelista, de quem sua mãe era muito devota.

Hoje, o Museu Santa Joana Princesa, em Aveiro, perpetua a sua memória, pois compreende o Convento de Jesus, edificado no séc. XV, onde se recolheu, em 1472.

Os seus restos mortais encontram-se junto ao coro baixo da Igreja, onde as religiosas assistiam aos ofícios litúrgicos.

A cidade de Aveiro dedica uma festa religiosa precisamente a 12 de Maio, efeméride da sua morte, que inclui uma peregrinação a este local.

O Museu foi fundado em 1911 para receber as peças de arte recolhidas das comunidades religiosas que foram dissolvidas por decreto de Afonso Costa, precisamente aquele que prometeu que erradicaria de Portugal, numa geração, a Fé e todo o sentimento religioso…

A propósito, amanhã, ao fim do dia, rumarei a Fátima e lá passarei o fim de semana...

quinta-feira, 4 de maio de 2006

Notas (inoportunas) sobre o "Retiro do Silêncio": uma experiência pessoal.


Real e Realidade; da diversidade à unidade.


É comum entender-se que a realidade corresponde àquilo que "realmente existe". Mas, se houvesse uma "real" correspondência entre aquilo que compreendemos e aquilo que "realmente existe", certamente estaríamos em posse da "verdade".

Mas o caminho em direcção à verdade não é simples. A própria ciência, como ensina Karl Popper, consubstancia-se numa busca da verdade, sem terra à vista. Aquilo que em determinada época é considerado como uma "realidade" pode deixar de o "ser".

A realidade é dinâmica e, para apreender o seu movimento, precisamos compreendê-la historicamente. Mas, aqui chegado, direi que a Realidade é uma só. Bem como a História, que tem um "dono": Deus, o seu Senhor, e Jesus o Seu doce Filho, que se dignou encarnar numa Virgem Puríssima e penetrar assim na História do Homem.

Os deuses míticos da Antiguidade empalideceram e definharam perante a Luz que brilhou e afastou as trevas. Ora, a História da Humanidade não tem, pois, sentido, a não ser que a interpretemos à Luz dos ensinamentos de Deus, vertidos no Antigo Testamento, e da Verdade ensinada e transmitida por Jesus, ele que encarnou a própria Verdade [ "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida"- (João 14,6)].

Mas o homem, descrente, interroga-se: o que é a Verdade?...

Há dois mil anos alguém fez esta interrogação, de modo cínico: Que é a Verdade? Foi Pilatos, no "julgamento" de Jesus.

Desde esse dia que muitos, de um modo especial, se interrogam acerca da Verdade.

Para aqueles que acreditam (repito) Jesus disse: "Eu sou o Caminho, a Verdade, e a Vida; ninguém vem ao Pai senão por mim" . E seguem-n'O!

Neste contexto, a Verdade baseia-se na minha Fé a qual é, para mim próprio, um mistério, mas certamente uma Graça de Deus que vou cultivando no meu dia-a-dia.

À semelhança do afirmado por João Paulo II, só Deus conhece a história da minha vocação. Na verdade, não sei como ela nasceu. Mas desabrochou certamente um dia, quando a minha Alma muito devagarinho deixou-se comover com a doce Figura de Jesus. E descobri, de mansinho, toda a poesia do gesto de Nossa Senhora, Mulher Mãe e Rainha do Céu e da Terra! Compreendi, de súbito, toda a nobreza da Sua Vida, Vida de Amor, de Gratidão, de Dádiva!

A Poesia que dimana das reflexões dos nossos (actuais) Profetas, ajuda-nos a reflectir e constitui um bálsamo, para nós que andamos perdidos neste turbilhão a que chamamos de "vida"…

E o Mundo que é tão bonito! Mais maravilhoso seria se todas as pessoas se amassem fraternalmente, e não existisse o mal a perturbar o nosso quotidiano…

Precisamos de inventar outra vida, como disse algures o nosso escritor António Alçada Baptista!

Acompanhando a poesia do Evangelho, temos de evitar que a noite de alguns dias seja longa…


Lembro aqui "A Fé e a Razão" , de João Paulo II, em que este afirma, logo no início desta sua Carta Encíclica, que estas [a Fé a Razão] constituem "como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva à contemplação da verdade. Foi Deus quem colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade e, em última análise, de O conhecer a Ele, para que, conhecendo-O e amando-O, possa chegar também à verdade plena sobre si próprio".

Lindo! Mas, reconheço que a Fé é algo que ou se tem ou…não! Mas algures, na nossa caminhada, ela pode surgir: ela não pede licença…

A Fé é, essencialmente, Amor! Comoção! Paixão!


Os homens de boa vontade unem-se para que possam, em conjunto, e numa união mística, compreender melhor os mistérios de Deus, aquilo que Ele lhes propõe, para que sejam capazes, enquanto pessoas, conduzir ao bom porto, por entre o mar porventura alteroso, a sua própria história pessoal.

E assim acontecem encontros como o de Monte Real, onde as Irmãs Clarissas nos receberam, num misto de espanto e maravilha. Com efeito, ali estava um grupo de homens e mulheres dispostos a "amortalharem-se" num Convento por alguns dias, a fim de se sentirem mais perto de Deus e fazerem uma pequena pausa nas suas vidas, propiciadora de um tempo de reflexão que os aproximasse mais do Sumo Bem – aliás, Deus, Sumo Bem, constituiu a experiência fundamental de São Francisco…e é também modelo para a nossa própria experiência. É claro que não podemos aspirar a uma tal santidade…bem, o autor destas linhas fala por si: ele nem é digno de beijar os pés a um tal Santo…

Mas é um facto marcante, na vida, quando alguém, de súbito, no turbilhão do dia-a-dia, descobre que ama Jesus sem ter para tal uma explicação racional.

Tal consistirá, como disse, numa dádiva de Deus o qual, na Sua excessiva Misericórdia, nos ergue da lama em que nos encontrávamos e nos transporta para a Luz.

No Retiro, intitulado " Escuta o Silêncio", estavam ali três homens, Sacerdotes Franciscanos, tocados pela Graça de Deus.

Unidos na Fé, possuem, porém, diversos modos de encarar a mesma Realidade.

Um, diria que é o Filósofo por excelência, místico mas ao mesmo tempo racional, que analisa com detalhe a mente humana e a disseca nas suas idiossincrasias e na permanente dialéctica em que o homem se vê envolvido (as conversas foram breves mas estas características ressaltam com facilidade…).

Um outro, diria que é mestre na compreensão do Homem na sua condicionante social, nas suas limitações e fraquezas, dando pistas e soluções dentro da Doutrina de Cristo, para que nos compreendamos a nós próprios, nas nossas limitações e, não obstante, possamos viver de acordo com aquela.

O outro é o Apóstolo do Amor.

Quando o vi, apaixonei-me. Apaixonei-me pelo seu semblante austero (a lembrar João Paulo II), pelos seus olhos muito vivos, pela sua voz grave, diria até dramática, quando fala do Amor. Do Amor ao irmão e do Amor a Jesus.

Com efeito, a sua voz tem o poder, diria que mágico, de revelar a poesia, porventura aqui e acolá escondida, dos textos bíblicos.

Aliás, o seu livro "São Francisco fé e vida" (já estão a ver quem é…) é todo ele um louvor à doce figura de Jesus, constituindo, por outro lado, uma longa reflexão antropológica, sociológica, política, acerca do Homem e do seu futuro, alienado que está pela "força violenta do trabalho, do negócio e da massificação".

Que clarividência!

Tocou-me a sua imensa paixão por Jesus, pois que eu próprio sou um apaixonado por Ele. Nada quero em troca por este meu puro amor, desinteressado que é (pese embora os meus pedidos de auxílio a Ele e aos Seus Santos, para o meu dia-a-dia) a não ser o Seu próprio Amor. Aliás, uma das minhas orações habituais consiste em que Ele me deixe, um dia quando partir deste mundo, no excesso da Sua Misericórdia, reclinar a minha cabeça, cansada de tantos trabalhos e agruras, no Seu peito, junto do Seu Sacratíssimo Coração.

Provavelmente, e à semelhança da cena do Monte Tabor, quando Pedro, maravilhado, disse a Jesus que, se Ele quisesse, faria três tendas, uma para Ele, outra para Moisés e outra para Elias, também não sei o que estou a pedir…Mas confio no Seu Amor e na Sua Bondade.

E a estas Verdades eternas nos conduzem tais Pastores.

Que Jesus lhes dê animo força e longa vida para que possam continuar a conduzir este humilde rebanho para o redil do Senhor!

Com Amor,

Cabral-Mendes, ofs.
Nota: o Autor do livro citado é o Frei David Azevedo, ofm. Os outros "Apóstolos" referidos são os Padres Joaquim Cerqueira, ofm, e Luis de Oliveira, também ofm (ordem dos frades menores).

terça-feira, 2 de maio de 2006

O Processo Ideológico de Desconstrução da Família



A ordem do Ministério da Justiça de Espanha, de que sejam substituídos, dos registos civis, os termos "pai" e "mãe" pelos de "Progenitor A" e "Progenitor B", denuncia um verdadeiro processo ideológico de desconstrução da família.

Atente-se que esta ordem ministerial de alteração do livro dos registros de casamento e nascimento foi publicada no Boletim Oficial do Estado (BOE) já em Março deste ano.

Aqui, em Portugal, pouco falta para a realização deste despautério. Aliás, Portugal vive e move-se, actualmente, apenas soba influência dos “lobbys”.

Pretende-se que a família tradicional se torne numa forma de organização social obsoleta, na qual as relações naturais, surgidas no seu seio, devem ser combatidas.
Mas esta gente não compreende que a filiação não se escolhe: pressupõe um pai e uma mãe que não são aleatórios. Pai e mãe são expressões de uma realidade dual do ser humano.

A estratégia consiste em apresentar, em primeiro lugar, o matrimónio como uma união de carácter puramente contratual, modificável e rescindível a bel prazer dos “cônjuges”que já não serão necessariamente o marido e a mulher.

Ao pretender-se eliminar as diferenças entre homens e mulheres, será o primeiro passo para começar a consagrar-se, através da linguagem e de alterações semânticas, a indiferenciação dos seres humanos, para relativizar os afectos (tão celebrados pelo nosso Alçada Baptista) e para outorgar carta de alforria à anomalia, sobre a qual esses “iluminados” esperam construir o seu admirável mundo novo…

Se não tenho razão, então pergunto: para que existem duas leis, uma acerca da União de Facto e outra sobre Economia Comum?
Com efeito, as Leis 6/2001 e 7/2001, ambas de 11 de Maio, foram elaboradas dando satisfação às reivindicações de várias organizações “gay” e de outros grupos de pressão da nossa sociedade.
O triste espectáculo das duas lésbicas que “tentaram casar” numa Conservatória do Registo Civil desta cidade de Lisboa faz parte do folclore e da propaganda “ gay” que pretende destruir os nossos mais sagrados valores. Se elas podem viver juntas, protegidas pela Lei 7/2001! Então o Advogado dessas senhoras não conhece a Lei? Claro que conhece. O que se pretende é criar todo aquele circunstancialismo que referi no início deste texto.
Ora vejamos: A Lei 135/99 de 28 Agosto configurou uma verdadeira Lei da União de Facto entre um homem e uma mulher que vivam em condições análogas aos dos cônjuges.
Com a entrada em cena da Lei 7/2001, criaram-se medidas de protecção das uniões de facto heterossexuais e homossexuais. Ampliou-se, assim, o âmbito subjectivo da lei anterior.
Reconhece-se agora efeitos jurídicos às uniões de facto homossexuais, mantendo-se, contudo, a exclusividade da adopção plena relativamente aos membros das uniões de facto heterossexuais.
Atente-se no artº 1ª desta Lei: “A presente lei regula a situação jurídica de duas pessoas, independentemente do sexo, que vivam em união de facto há mais de dois anos”.

Há protecção da casa de morada de família (sic), benefícios no que diz respeito ao regime jurídico das férias, faltas e licenças e preferência na colocação dos funcionários da Administração Pública (estão a ver?...). O mesmo regime no que toca a IRS, protecção na eventualidade de morte de um dos membros, pela aplicação do regime geral da segurança social; prestação por morte resultante de acidente de trabalho ou doença profissional; pensão de preço de sangue e por serviços excepcionais e relevantes prestados ao País, nos termos da lei. Em caso de morte do membro da união de facto proprietário da casa de morada comum, o membro sobrevivo tem direito real de habitação sobre a mesma e direito de preferência na sua venda. Está também contemplado um dos membros na transmissão do arrendamento por morte.

Se não acreditam, consultem o Diário da Desbunda, perdão, da República.

Portanto, com esta lei em vigor, pretendeu-se superar o problema da tão propalada discriminação dos “casais homossexuais”.

Afinal, nada lhes falta. São, em tudo, equiparados, em benefícios, às pessoas casadas civilmente ou pela Igreja.
Volto ao início. Tal sanha só pode explicar-se por motivos ideológicos, uma verdadeira loja de horrores, um desejo malsão de transformação da sociedade.
Assim, seja-me lícito gritar bem alto: Deixem a "Instituição Casamento” em Paz! Não destruam a Família!

lº de Maio: outra perspectiva.


Em 1953, o Papa Pio XII instituiu a festa litúrgica de São José Operário, designando para esta o dia primeiro de Maio. A intenção foi a de que todos reconhecessem a dignidade do trabalho, e a justa repartição de direitos, deveres e riqueza. Esta celebração é um permanente convite à sociedade moderna para viver na paz social e na harmonia. Sem ódios, sem lutas no seu seio.

É bom lembrar aqui as sábias palavras de um bom amigo, sacerdote e frade franciscano, Frei David Azevedo, um dos maiores especialistas do franciscanismo [com obra publicada! (e cito de cor)]:
como seria lindo o homem poder colocar na mesa, com amor, e com toda a naturalidade, o pão ou a fruta apanhada no campo, e oferecê-la ao seu irmão!...

Creio que ainda nos falta inventar a sociedade do Amor, aliás como já tem sido dito pelo nosso Alçada Baptista.