O dia de Natal chega ao fim...
O dia de Natal chega ao fim, com efeito... Mas não a sua magia e o seu encanto, que nos acompanha ao longo do ano... Passam poucos minutos da meia-noite. Para trás, ficou a agitação das últimas horas. Estamos agora postos em sossego na nossa sala, a ver as chamas da lareira que nos faz companhia, com o seu suave crepitar. A noite lá fora deve estar agreste para tanta gente... até me sinto culpado... O doce cheiro da lenha reconforta-nos na nossa solidão, coisa inventada pelo homem moderno, parece-me... o seu cheiro, dizia, leva-nos provavelmente a outras paragens…lembra-nos Héstia, a deusa dos laços familiares, simbolizada, com efeito, pelo fogo da lareira. Quando os gregos fundavam cidades fora da Grécia, levavam o fogo desta como símbolo da ligação com a terra mater… É isso, a ligação à terra, que vai faltando ao homem moderno, está a corroê-lo. De modo inconsciente, ele sabe que perdeu algo que lhe é essencial.
Hoje, creio que o homem está a alienar a sua Alma a troco de nada. Talvez como o Fausto, de Johann Goethe. Choca-me, por exemplo, que nos dias que correm se pense em conferir “direitos humanos”, como o direito de voto, o direito à saúde, à habitação, e contemplar o serviço militar obrigatório, para as máquinasa robôs! Robôs conscientes! Serão os robôs-cidadãos do amanhã! Vem na última edição do Jornal “Sol”… Que cenário de pesadelo, para a nossa sociedade, se estará a criar na sombra?!
Penso muitas vezes, e nesta noite muito particularmente, no tempo que foi dado viver a São José e a Maria: a simplicidade da vida, as alegrias de um lar cheio de amor, o trabalho humilde e belo daquele, a vida de contemplação desta… o cair do dia, e o recolhimento daquele casal na sua casa, despojada do supérfluo, mas rica de tudo o que falta ao homem dos nossos dias…
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