Dies Domini

Sartre escolheu o absurdo, o nada e eu escolhi o Mistério - Jean Guitton

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Localização: Lisboa, Reino Portugal Padroeira: Nª Srª Conceição, Portugal

Monárquico e Católico. intransigente defensor do papel interventor do Estado na sociedade. Adversário dos anticlericais saudosos da I República, e de "alternativos" defensores de teses “fracturantes”. Considera que é tempo, nesta terra de Santa Maria, de quebrar as amarras do ateísmo do positivismo e do cientismo substitutivo da Religião. Monárquico, pois não aliena a ninguém as suas convicções. Aliás, Portugal construiu a sua extraordinária História à sombra da Monarquia. Admira, sem complexos, a obra de fomento do Estado Novo. Lamenta a perda do Império, tal como ocorreu.

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Saudades de Jesus



É tarde (é o costume...). Duas horas da manhã...


Estou a ultimar um processo que não quereria deixar pendente para o fim das férias judiciais. E, como de costume, vou ouvindo a "minha" música. Hoje, o também esplendoroso Johann David Heinichen. Este "Te Deum Laudamus" transporta-me para outras paragens, para os horizontes sem fim que o Senhor prometeu ao Seu Povo eleito, que somos todos nós que N'Ele cremos e que, esforçadamente, O tentamos seguir.


Pena é que o nosso coração não esteja sempre assim tão leve, pois que muitas vezes ocupado está com estas coisas terrenas, como o Direito, mas... a isso somos obrigados: "comerás o teu pão com o suor do teu rosto"...


Tive de interromper o que escrevia para vir aqui "desabafar", neste último dia do ano de 2008, este amor que me "persegue" e que eu não sei como corresponder: limitado como sou, sei que não o mereço, mas tenho esperança que dias virão em que poderei meditar com mais tempo e tranquilidade neste Mistério tão grande que me traz assombrado! Por tudo o que Ele representa, toda a Sua coragem enquanto humano como nós, pela Sua Bondade Divina.


Pela Sua Sombra que me acolhe, e que do fundo do Tempo me foi buscar.


Jesus, como eu te Amo! Como tenho saudades de Ti!



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domingo, 28 de dezembro de 2008

Festa da Sagrada Família


Chegado a casa - saímos essencialmente para "ir à Missa" - gostaria ainda, no final deste Domingo, de referir-me à Festa da Sagrada Família que hoje a Igreja celebra.

Com efeito, na Missa das 19H, na Igreja de Santo António à Sé, o fraterno Frei Armindo, na sua homilia, falou-nos dos amores - ou não fosse hoje o dia da Sagrada Família – o amor conjugal, o amor ao próximo, a amizade e a humildade que deveremos ter perante o próximo. Sem contar com o facto da “comodidade” de sermos “bons” pois “dá muito trabalho” ser mau! “Ele” é um rol de dissimulações, de pretextos, de desculpas por esta acção e por aquela!
Desta “explicação" nunca me lembrei… Teólogos! Está muito bem argumentado!!

A Igreja considera a Família como o santuário da vida. Caso os haja, os filhos deverão ser criados no respeito para com os outros, em referência ao sentido da Justiça, do diálogo fraterno para com os demais, na busca de uma atitude que promova sempre a paz e o amor. Só assim poderemos ter, amanhã, gerações responsáveis, que saibam cuidar dos outros, que sejam solidárias, e não gerações mergulhadas numa vivência sem sentido, desprovidas de quaisquer valores morais e éticos.

Como afirmou o saudoso João Paulo II, na sua “Familiaris Consortio”, “o matrimónio e a família constituem um dos bens mais preciosos da humanidade”.

Resta-nos tentar imitar a Sagrada Família, que hoje celebramos, e todos os dias devemos honrar: Jesus, Maria, José. Com efeito, modelo de amor familiar (Amor Transcendente, é certo, mas qual é o Amor que, verdadeiro, não é Transcendente?!) a Família de Nazaré deverá ser fonte de inspiração para o nosso quotidiano tão cheio de fragilidades…

Vem à memória o que disse Salazar sobre a família:

“Não discutimos a família. Aí nasce o homem, aí se educam as gerações, aí se forma o pequeno mundo de afectos sem os quais o homem dificilmente pode viver. Quando a família se desfaz, desfaz-se a casa, desfaz-se o lar, desatam-se os laços de parentesco, para ficarem os homens diante do Estado isolados, estranhos, sem arrimo e despedidos moralmente de mais de metade de si mesmos; perde-se o nome, adquire-se um número – a vida social toma logo uma feição diferente”.

[Discursos e Notas Políticas, Coimbra Editora Lda., Vol. II, 1935-1937, fls. 133-134 – in “As grandes certezas da Revolução Nacional” (discurso proferido em Braga, em 26 de Maio de 1936)].

Comparando com estes “democráticos” pós-modernos que nos governam, e balbuciam palavras sem sentido, para um “reaccionário” não está nada mal escrito não senhor!

Ainda para mais com uma prosa fortemente poética!

Valores, ai valores!

Como diria Dom Dinis, “Ai, Deus, e u é? “

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sábado, 27 de dezembro de 2008

Pequenos momentos de felicidade...


Nesta tarde chuvosa, apetece estar em casa. Gosto de estar aqui, no Inverno, na companhia dos meus livros e da minha música. As chamas da lareira (onde, diziam os imperiais Romanos, vivia a deusa Héstia), aquecem o lar e o coração.

Héstia, a deusa da família, protectora do lar, simbolizada por este fogo que vive na lareira crepitante (bem, mas como diz o Óbelix, “estes romanos são doidos…”).

Mas bem sabemos que apenas Jesus é a Verdade, a única Verdade que nos sustenta no nosso dia-a-dia, a nossa única esperança e consolação. Assim, não compreendo a louca “correria” de ontem, no Corte Inglês aqui de Lisboa, em que todos se atropelavam (bem pisado que fui… por sinal por uma "miúda gótica", daquelas que calçam umas botas tipo montanha, e não fiquei com sentimentos muito cristãos não não...). “Ok”: também lá fui! Mas apenas para comprar, em estado de necessidade, uns bons pacotes de "Decaffeinato Intenso" da Nespresso para a minha “baby”, que ela ao fim do dia não pode beber café puro… fragilidades do sexo “fraco”... (?!?).

Então não é que a loja Nespresso da Av. António Augusto Aguiar, situada no edifício do Corte Inglês, mas independente do Centro, estava fechada?

E querem acreditar que ainda há pouco encontrei na despensa três embalagens do bendito Decaffeinato?

Enfim… por vezes os nosso olhos não querem ver… seja uma simples caixa de café, seja aquela Verdade que referimos…

Hoje ainda estive para sair, para jantar com uns amigos, como é costume aos Sábados à noite. Mas, parece que estamos todos no “lar doce lar” e, telefonemas feitos, vamos todos ficar em casa, pois que o tempo não está para brincadeiras, apesar de eu ver aqui da janela o vermelho das luzes dos carros, imensos na escuridão do asfalto, luzidio com a chuva que cai.

Há sempre alguém que não "aguenta" estar em casa; talvez a solidão partilhada num centro comercial seja mais suportável…



Aqui deixo um trecho do “Christmas Oratório” dessa alma bendita que foi Bach, que me tem acompanhado hoje, e ouvido seguramente mais de cem vezes (está a aparelhagem no “repeat” pois…).


Jésus, mon bonheur et mon délice,
Mon espérance, mon trésor et ma richesse,
Mon rédempteur, mon refuge et mon salut,
Berger et roi, lumière et solei! !
Ah, comment mes louanges peuvent-elles
Etre dignes de toi, Jésus, mon Seigneur?



Nota: volto a colocar aqui a reprodução deste belo quadro de Garofalo (Benvenuto Tisi 1481 - 1559): "Madonna and Child with SS William of Aquitaine, Claire, Anthony of Padua and Francis."
Que melhor companhia poderemos desejar?

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quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

O dia de Natal chega ao fim...


O dia de Natal está a terminar. Assim, de repente.

Como é possível? Como é possível remeter-nos à rotina diária, e pensarmos noutras coisas que não nesse Deus que se dignou nascer como nós, Menino frágil e pobre, tendo como pais um “simples” José e uma “humilde” Maria?

Tento imaginar a Sua vida ao tempo, os parcos haveres da família, as viagens em busca de trabalho, e o amor sublime que unia esta Sagrada Família, que certamente relativizava as agruras e dificuldades do quotidiano; penso no cair do dia, no recolhimento daquele casal na sua casa, despojada do supérfluo, mas rica de tudo o que falta ao homem dos nossos dias…


Hoje, à medida que o dia inexoravelmente terminava, fui ficando deprimido, nem sei bem porquê. Afinal, somos humanos, demasiado humanos não é verdade? E o Natal “tem que se lhe diga”… pensamos em tudo, nas dificuldades da vida, no nosso trabalho, nas asperezas dos “outros”, nas nossas próprias “asperezas”, e desesperamos porque não somos como o pequenino Jesus, puros de coração, perfeitos… e damos por nós a contar os dias perdidos para Deus, em que não cumprimos com o nosso dever, e não soubemos ser fiéis.

Contudo, o Senhor seduziu-nos e nós deixámo-nos seduzir… e só Ele nos pode conduzir nos estreitos caminhos que delimitam a nossa vida…

Entretanto, na nossa sala, a alma é reconfortada pelo suave calor que se desprende da lareira, o som do seu suave crepitar, o cheiro da lenha, o amor que nos une e confere coerência a esta vida terrena.


Não apetece amanhã termos de voltar a este viver de certo modo alienado, que não nos deixa muito tempo para meditarmos nas coisas fundamentais da Vida…

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quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Natal de 2008: ele veio tão depressa!...





Aos meus queridos amigos, que me proporcionam, ao longo do ano, horas de diálogo, convívio e prazer, através da sua escrita, os meus votos de um Natal pleno de Amor, de Amizade. Se possível, sem angústias. Pelo menos estas vamos tentar amarrá-las, amordaçá-las, calcá-las aos pés.

Aqui coloco algumas fotos, visíveis nos respectivos "blogues" (com a devida vénia) de quatro pessoas que são extraordinárias: possuem dentro delas a matéria-prima de que é feita a bondade, a beleza, o sonho, a poesia, o encanto que nos permite viver com um "brilhozinho nos olhos".


Para o João Baptista Magalhães, Joaquim Alves, Ferreira, TH, Redonda, um grande abraço de amizade.


Um beijinho de amizade à Cristina à Margarida e à immortal.


Ao JCP, com desejo de um feliz Natal, eventualmente passado à lareira, no Marco, com um grande charuto na mão e um bom conhaque... na outra!



Que o amor de Cristo ilumine a caminhada de cada um, seja crente ou não.





Nota: desculpem a "desarrumação" das fotos mas a arte não chega para grandes primores...



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segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

A santa do meu dia.

Santa Francisca Xavier Cabrini é a Santa do meu dia.

Entre 1901 e 1913 emigraram, só para a América, 4.711.000 italianos. Esta problemática da emigração viu-a ela não com os olhos do político ou do sociólogo, mas com os olhos de mulher cristã, tendo merecido o título de mãe dos emigrantes.

Santa Xavier Cabrini, rogai por nós.

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sábado, 20 de dezembro de 2008

António Alçada Baptista. In Memoriam III

" Não creio que tenhamos sido feitos para estas aspirações curtinhas que fazem mover a maior parte da humanidade. Acho que deve haver alguma maneira de continuar aquelas festa começada na infância e que o nosso destino não pode ser isto de meter a cara no guichet do quotidiano à procura duma alegria ou duma dádiva da vida (…) e acudir do lado de lá o peso de tudo o que tomou conta de nós: o rol das invisíveis dificuldades a vencer mais a lista dos absurdos a cumprir no dia a dia da nossa existência.

Tenho esperanças que um dia possamos descobrir que a vida é capaz de não ser esta coisa parda que nos mostraram como nosso irremediável destino. Que talvez não seja vegetar sem emoção nem grandeza entre exigências mesquinhas e míseras imposições.

(…).

Porque acho que ainda me resta alguma capacidade de sonho e porque acredito que não é este o projecto do homem, gostaria, se possível, de transmitir, sem nenhuma ambiguidade, a ideia de que viver é, apesar de tudo, uma coisa eminentemente desejável mesmo para quem não vive num mundo à imagem dos anúncios da televisão.

(…).

O simples facto de existir enquadrado nas coisas banais da natureza é, por si só, um facto extraordinário que me faz olhar para o mundo com a comoção dum enamorado. "

António Alçada Baptista, "Peregrinação Interior Vol. II - O Anjo da Esperança" , Lisboa, 1986, 3ª Edição. A fls. 84-85.

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domingo, 14 de dezembro de 2008

D. António Ribeiro.


Nestes dias que passam, o tempo corre veloz. E lamento que, devido à grande instabilidade legislativa, tenha que "perder" tempo a actualizar-me constantemente na área do Direito (sorte daqueles que me precederam no ofício!) em vez de ler os meus romances, a Bíblia, os autores inspirados dos nossos dias. Como D. António Ribeiro que, nesta quadra natalícia, evoco.


Não sei explicar mas, a leitura das suas homilias calam fundo na alma... e há tantos anos que essa palavra foi proclamada! Não é que ela mantém toda a actualidade, todo o seu vigor?


Um manto de tranquilidade nos cobre quando lemos aquelas páginas repletas de uma serena reflexão sobre o amor de Cristo. Uma mensagem de esperança emana daqueles textos que vêm suavizar, de facto, o nosso quotidiano.


Lembro-me de ver o seu carro estacionado junto à Sé. Era igual ao meu, um Citroen BX 14 TGE! Uma "máquina" para o tempo!


Foi o "meu padre" dos anos de juventude, eu que o via e ouvia, na televisão, proclamar a mensagem do Evangelho.

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sábado, 13 de dezembro de 2008

António Alçada Baptista. In Memoriam II


" O Tempo passa como uma ave de rapina, leva-nos o amor, a segurança, a infância, e deixa-nos, em troca, a solidão, o medo, as recordações, a saudade..."
Ana C., Lisboa 1986.

"A sociedade ocidental, capitalista ou socialista, só sabe organizar a vida dos seus cidadãos para o trabalho ou para o saber que a serve, não a organiza de certo para participar, amar, conhecer e criar".

António Alçada Baptista, "Peregrinação Interior Vol. I" , Lisboa, 1986, 7ª Edição. A fls. 99.

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segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

De novo, a Padroeira da Nação.


A terminar este feriado, não quero deixá-lo passar aqui em claro e, mais uma vez, escrevo sobre o dia 8 de Dezembro, no qual a Igreja celebra a Conceição Imaculada de Maria.


D. João IV consagrou a Nação inteira a Nossa Senhora da Conceição, colocando a Seus pés a real coroa, a qual, de facto, nunca mais foi usada por monarcas portugueses.

A 8 de Dezembro de 1854, o Papa Pio IX definiu o terceiro dogma mariano: a Imaculada Conceição de Maria. Na sua Bula “Ineffabilis Deus”, declarou a doutrina segundo a qual Nossa Senhora ficou imune de toda mancha de pecado original, no primeiro instante de sua conceição, por graça e privilégio de Deus Omnipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, salvador do Homem.

Duns Escotto (1266-1308) foi o teólogo franciscano que argumentou, historicamente, a favor do privilégio mariano.

O dogma da Imaculada Conceição ensina-nos que, em Maria, começa o processo de renovação e purificação de todo o povo.

Peçamos, pois, a Ela, a graça de nos purificarmos de tal modo que possamos vir a ser “dignos da promessas de Cristo”.






Nota: na foto, a Igreja da "Conceição Velha", Rua da Alfândega. Uma das mais lindas de Lisboa...

Da autoria de Dias dos Reis. Com a devida vénia.

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domingo, 7 de dezembro de 2008

António Alçada Baptista deixou-nos mais pobres. In Memoriam I


Hoje deixei-me ficar em casa. Gosto de ficar por aqui, entre os meus livros, a música que me acompanha durante o meu trabalho (mesmo ao Domingo... enfim...), mas interrompi o mesmo em virtude de ter ouvido uma noticía na qual não quis, de imediato, acreditar.


Não quis de facto acreditar naquilo que a RTPN transmitia, pela voz da Inêz Pedrosa. Um dos meus mais amados escritores – Alçada Baptista – faleceu hoje, aos 81 anos.


Ao que ouvi na TV, o seu coração, sempre pleno de ternura, traiu-o.

Há muito tempo que eu estranhava o seu silêncio e interrogava-me onde ele estaria e o que actualmente faria.

De súbito, a notícia da sua morte.

Os homens que pertencem a uma geração de eleitos vão rareando no nosso país, vão partindo e não mais serão substituídos. Os tempos não são propícios a grandes gestos fraternos e generosos como aqueles que Alçada protagonizou ao longo da sua vida, ele que foi um escritor de afectos.

Gostaria de escrever mais profundamente sobre ele e a influência da sua obra na minha pessoa. Porém, hoje não consigo. Subitamente, fêz-se frio, apesar do aquecimento estar ligado.

Apenas deixo aqui uma breve passagem do seu livro “ O Riso de Deus” :

“Eu estou conformado com a minha morte mas tenho pena de muitas coisas que aprendi e que, nesse dia, se vão escoar pelas frinchas do meu caixão”.

Todavia, acredito que ele já deve estar mais esclarecido que todos nós, pois que banhado pela Luz de Deus, infinito na Sua Misericórdia.

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sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Memórias...



Cai uma chuva miudinha, persistente. Esta, aliada a uma neblina, faz com que a melancolia cresça no meu coração.

O comboio segue a grande velocidade, atravessando indiferente as paisagens da minha meninice, atribulada, mas crente num futuro melhor.

Tão sofisticado é o comboio que nunca imaginei na minha infância poder um dia viajar com tal conforto e uma panóplia de tecnologia que hoje nos “ajudam” no nosso quotidiano.

Vou a Coimbra e, nesta parte da linha que ainda pertence à Beira-Baixa, vou paralelo ao rio Tejo, o rio que amei na minha meninice, e do qual guardo as memórias da sua música suave, da sua cor e do seu cheiro inconfundível.

Guardo no meu coração as memórias de todos aqueles que já partiram, e muitos prematuramente.

Em Coimbra a noite cai e não há luz que nos guie os passos. O Mondego é escuro, demasiado escuro para o meu gosto, algo ameaçador.

O Tejo não. Mesmo à noite, irradia a luz das estrelas, porventura as estrelas que reflectem a luz daqueles que nos amaram e já partiram. Também daqueles que certamente por culpa nossa não soubemos compreender a tempo, e que também já partiram. E que não pudemos dizer que os amávamos tal como eram, com a suas fraquezas, as suas insuficiências, que serão certamente também as nossas, porventura travestidas de outros traços.

Por isso sei hoje o que vale o amor e a amizade. Por muito ter sofrido, por muitas angústias sentidas, muitas lágrimas derramadas.

Por isso sei como é bom estarmos rodeados por todos aqueles que fazem parte da nossa história.

E sinto uma grande ternura por todos aqueles que ainda têm os seus pais junto de si. Como o meu (vero) amigo Coutinho Ribeiro. Pai extremoso, homem com H grande, determinado, fero, mas também sensível. Que também sabe o que vale a amizade.

Enquanto corre veloz a paisagem pela janela do comboio, batida pela chuva, penso em tudo isto. Nos meus pais, nos meus avós que já partiram, na história prematuramente interrompida. No meu amor, nos meus amigos. Sem eles não seria suportável a traição a inveja a maledicência que nos cerca no dia-a-dia.

Por tudo isto, é bom escrevermos num diário ou num “blog” (e o que é um blog senão o repositório dos nossos sonhos, desejos, angústias, catarses?).

Todos aqueles que sofreram ou sofrem, sabem bem que, mesmo à distância, é bom termos alguém que nos pode acolher numa aflição. Uma palavra amiga, uma porta que se abre, uma cama sempre pronta para acolher o corpo cansado e a alma dorida.


A minha porta está aberta.

Já bastou tê-la fechada num outro tempo e noutro espaço.
Nota: Foto tirada por telemóvel. O Rio Tejo e a ponte de Santarém.

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segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

A Revolução de 1640. Memória.


Em 1640, tal como hoje, o povo estava descontente com o governo, então filipino.

Os “homens bons” ao tempo - 40 fidalgos, como João Pinto Ribeiro, Sanches de Baena, D. Miguel de Almeida, D. Carlos de Noronha, D. Telo de Menezes, “entraram” de conspirar e, ajudados pelo povo, na manhã do dia 1 de Dezembro de 1640 proclamaram rei de Portugal o Duque de Bragança, que ficou para a posteridade como D. João IV.


Hoje, dada a calamitosa situação de Portugal, coutada de lobos sedentos de poder e fortuna, já não sei se teria sido melhor ficarmos sob a égide de uma Grande Ibéria…

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Advento.


Dezembro. O mês mais belo do ano! Aquele que celebra o nascimento de Deus feito homem.

Também aquele que nos suscita mais melancolia pelos lugares vazios à mesa…

Mas hoje aqui apenas quero sublinhar o início do Advento.

A Liturgia veste-se de roxo. Aviva-se na memória dos fiéis a espera do Senhor: o período que medeia entre o primeiro domingo (31 de Novembro) e o dia 16 de Dezembro, tem um carácter escatológico, aguardando-se a vinda do Senhor no final dos tempos; de 17 a 24 de Dezembro, temos a "Semana Santa" do Natal, na qual se prepara a vinda de Jesus Cristo na nossa História.

Bem vindo seja Ele!

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