Teresa d'Ávila e o Corpo do Senhor.
Não sei se Teresa de Cepeda y Ahumada foi excessiva. De qualquer forma, Deus desgosta-se dos tíbios, dos “mornos”, daqueles que não conseguem definir-se e ter um gesto forte na Sua direcção.
Um filme sobre Santa Teresa de Ávila, que tem por cartaz uma imagem da mão de Jesus pousando no ombro nu de Teresa, aí está em exibição. E não resisiti a vê-lo nesta noite de Domingo.
Um filme sobre Santa Teresa de Ávila, que tem por cartaz uma imagem da mão de Jesus pousando no ombro nu de Teresa, aí está em exibição. E não resisiti a vê-lo nesta noite de Domingo.
Tal fime, castelhano, apresentou a relação da Santa com Cristo de um ponto de vista muito sensual e foi, por esse motivo, criticado pela Igreja Católica castelhana.
Contudo, creio que, apesar de algumas cenas algo “barrocas”, o filme consegue transmitir-nos toda a paixão que alimentou a vida daquela que viria a ser conhecida como Santa Teresa de Ávila.
A santa que nos foi dado ver é a Teresa que sente na sua martirizada carne pelo cilício, a paixão por Jesus Cristo, que O vê na sua cela e que desmaia sob o poder da emoção da Fé…
O que incomodou a Igreja espanhola não me choca, e tenho-o interiorizado: penso na condição especial da mulher, a mulher mística, dedicada a Deus, esposa de Cristo como se costuma dizer: bem que poderá esta sentir na carne essa sua paixão violenta, que a consome por dentro. E daí? Não somos, para além de espírito e alma, também carne? Esta também não sente? Deus assim nos fez… e a não aceitação desta realidade mais confunde e perturba os crentes, já por demais culpabilizados por esta dualidade entre espírito e carne…
Este filme descreve Teresa de Ávila tão somente como uma mulher humana, bela, certamente sensual, revolucionária na sua época - vejam-se os interesses instalados no seio da Igreja e o odioso papel desempenhado pelos dominicanos…não fora a intercessão dos Jesuítas e Franciscanos, estes últimos na pessoa de (São) Pedro de Alcântara, e ela não teria escapado da fogueira da Inquisição!
Mas a história seria outra: São Pedro de Alcântara e Santa Teresa de Ávila foram duas almas que bem se compreenderam e acabaram a realizar reformas monásticas que se tornaram célebres na história da Igreja. A austeridade do Carmelo reflecte o espírito de Pedro de Alcântara que soube compreender e explicar todas as provações da vida espiritual da Santa, esclarecendo o Bispo de Ávila de que as visões da Religiosa provinham de Deus, e não do Inimigo, como aventavam aqueles dignitários da Igreja, afinal homens sem fé, apenas funcionários de Roma…
Contudo, creio que, apesar de algumas cenas algo “barrocas”, o filme consegue transmitir-nos toda a paixão que alimentou a vida daquela que viria a ser conhecida como Santa Teresa de Ávila.
A santa que nos foi dado ver é a Teresa que sente na sua martirizada carne pelo cilício, a paixão por Jesus Cristo, que O vê na sua cela e que desmaia sob o poder da emoção da Fé…
O que incomodou a Igreja espanhola não me choca, e tenho-o interiorizado: penso na condição especial da mulher, a mulher mística, dedicada a Deus, esposa de Cristo como se costuma dizer: bem que poderá esta sentir na carne essa sua paixão violenta, que a consome por dentro. E daí? Não somos, para além de espírito e alma, também carne? Esta também não sente? Deus assim nos fez… e a não aceitação desta realidade mais confunde e perturba os crentes, já por demais culpabilizados por esta dualidade entre espírito e carne…
Este filme descreve Teresa de Ávila tão somente como uma mulher humana, bela, certamente sensual, revolucionária na sua época - vejam-se os interesses instalados no seio da Igreja e o odioso papel desempenhado pelos dominicanos…não fora a intercessão dos Jesuítas e Franciscanos, estes últimos na pessoa de (São) Pedro de Alcântara, e ela não teria escapado da fogueira da Inquisição!
Mas a história seria outra: São Pedro de Alcântara e Santa Teresa de Ávila foram duas almas que bem se compreenderam e acabaram a realizar reformas monásticas que se tornaram célebres na história da Igreja. A austeridade do Carmelo reflecte o espírito de Pedro de Alcântara que soube compreender e explicar todas as provações da vida espiritual da Santa, esclarecendo o Bispo de Ávila de que as visões da Religiosa provinham de Deus, e não do Inimigo, como aventavam aqueles dignitários da Igreja, afinal homens sem fé, apenas funcionários de Roma…
Quem me dera que Jesus também pousasse no meu ombro a Sua mão, dizendo-me:
Vem Comigo, acompanha-Me, e não te preocupes: os teus pecados lavei-os com o Meu Sangue, há dois mil anos…
Nota: foto da actriz Paz Vega, no papel de Santa Teresa, no filme "Teresa - El cuerpo de Cristo", retirada do excelente "site" do filme: http://www.teresalapelicula.com/
24 Comments:
A quantos de nós o Senhor fala de tantas maneiras e quantos de nós têm a coragem de o dizer, depois de o discernir.
À alma pura que se entrega concede o Senhor a coragem e o desassombro de O proclamar, acima de si própria e dos outros.
Abraço em Cristo
Abraço, Joaquim!
Não sou propriamente religioso (ou se sou, não sei)e confesso a pouca simpatia pelo Vaticano, à parte a simpatia pelas religiões em si (incluindo a Católica).
Mas gostei do blog, pela sua autenticidade e forma de escrita.
Caro leitor Rui, muito obrigado pelas suas palavras, que contam muito...
Santa teresa de Ávila?
Ana??
mistura explosiva.
Sabe porquê???
Diga lá, cara amiga, diga lá...
Este comentário foi removido pelo autor.
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Excelente reflexão.
Faz mal a Igreja quando proibe o visionamento de certos filmes. Proibe-se o que se teme.... e se se teme... porque será?
...
Não estamos na Idade Média, as pessoas são informadas, têm capacidade de reflexão... e decisão. Quem tem FÉ não a deixa devido a um filme, um livro.... uma opinião/visão diferente. Pelo contrário... o confronto vai consolidar a FÉ.
Confesso... esta intransigência/ proibição, da Igreja Católica sempre me deixou perplexa. Cheguei mesmo a dizer, há uns anos : 'Igreja de pouca Fé... nos teus crentes'.
...
É assim que me sinto quando não me deixam ver, pensar, reflectir... na liberdade de assumir a minha FÉ, perante tudo e todos.... sem medo.
É verdade, Ni: quem tem Fé não a perde por causa de um livro ou de um filme. De facto, dentro dos "muros" desta Igreja que somos todos nós enfim... parece haver, por vezes, mais "funcionários" que verdadeiros homens de Fé...
Obrigado pela sua reflexão, Ni...
Este comentário foi removido pelo autor.
Conhece bem Stª Teresa de Ávila???
A escultura do anjo...
a sensualidade dessa mulher
que não é desprestigio...é uma elevação...
"Não sei se Teresa de Cepeda y Ahumada foi excessiva. De qualquer forma, Deus desgosta-se dos tíbios, dos “mornos”, daqueles que não conseguem definir-se e ter um gesto forte na Sua direcção."
É isto que quero dizer.
Compreendo-a, Cleo...Temos de ser "convicentes" (até para nós próprios) nas nossas convicções...
Sempre me fêz muita impressão aqueles que têm assim uma fé tipo "apólice" contra reveses... e conheço muito disso dentro da própria Igreja... uma "maçada"...não foi essa postura a desejada por Jesus Cristo...
Conheço os escritos de Santa Teresa: parece que ela está a falar directamente connosco, que é hoje e aqui que ela fala...que me interpela enquanto leitor; mas uma interpelação do tipo "tu isto, tu aquilo"...nada de afastado...
Conheço Ávila, que é muito forte em termos de presença teresiana. O Convento de São José (em Ávila) é um deslumbramento! Com sorte, consegue-se ouvir as monjas que cantam, sem serem vistas, na Capela, do outro lado da meia parede...é o Céu...
Conheço ávila.
É um encantamento de muralhas que se fecham ao exterior...
conheço a história de STª Teresa... e acho-a perfeitamente humana e divina.
E também não uso a religião como uma espécie de apólice ou sossego para a alma...não como uma espécie de se... eu vou pedir...
nunca peço nada...
E não acho que Deus controle tudo
aliás ele não é mais o "senhor" que me ensinaram na catequese...
Há muito que deus é algo de muito superior de muito meu de muito nosso , de muito bom...
Algo que nada decide, que coexiste comigo e em mim , nos outros e no que fica à volta...é dificil explicar...
É isso mesmo, Cleo, Deus é nosso... e nós somos d'Ele...
Você leu o livro PERDÔO-TE de Eudaldo Pagés / Amalia Domingo Soler? Pois em seu texto, há uma frase muito semelhante ao que a própria Teresa falou:
Não somos, para além de espírito e alma, também carne? Esta também não sente? Deus assim nos fez…
Li o livro e fiquei muito apaixonada pela história de vida desta mulher muito além do seu tempo que viveu, serviu, amou e fez muitos milagres numa época em que milagres eram considerados coisas do Diabo...
COMO FAÇO PARA OBTER O FILME DA SANTA TEREZA ???
EU QUERO COMPRA-LÓ !
ONDE EU CONSIGO ???
ME DEIXEM UM E-MAIL, DIZENDO COMO FAÇO PARA OBTER O FILME DA SANTA TEREZA ! MEU E-MAIL É :
KURAMADAL@IG.COM.BR
Cumprimento pela sinceridade e transparência de suas opiniões. Também gostei do modo como organizou seu blog.
Muito embora a proximidade com a Igreja, desde a mais tenra infância, sempre cativei um sentimento anticlerical. Agnóstico por convicção, tenho que não cabe ao homem discutir o absoluto por conhecimentos tão relativos como são os nossos. Confesso, de qualquer forma, meu encantamento pela figura de Teresa. É uma mulher estupenda, dotada de uma personalidade ariana (áries), a julgar pela autenticidade de seu caráter impulsivo e inovador, na difícil época em que viveu. Um forte abraço ao amigo, CARLO Douglas (S. Maria, RS, Brasil).
Onde consigo este filme, há algum aqui no Brasil, em S. Paulo?
Creio no evangelho de Jesus Cristo, que não se resume a dogmas e doutrinas religiosas, mas na prática efetiva do amor. Já leram o sermão do monte? Pois é exatamente o que está alí. Bem aventurados os pacificadores (os construtores de pontes entre os homens)Evangelho este que se expressa em Graça (favor imerecido) e nos diz o apóstolo João: "Graça sobre Graça". "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus" (livro de efésios capítulo 2, versos 8 e 9)
O que passa disso é rótulo, grife religiosa, aparência e engano. Simples assim como as palavras de jesus. "Quem tem ouvidos para ouvir ouça" Amem.
Existe uma estatua de Bernini numa Igreja em Roma chamada "O extase de Santa Teresa" que foi feita inspirada nas descrições que a Santa espanhola apresentou de seus extases místicos. É estranho pois apesar do torpor religioso a estátua transpira uma sensualidade incomum para ícones católicos (assim como as descrições de Teresa).
Bernini soube capitar toda aura de erotismo e misticismo que envolve Teresa. A expressão do rosto da Santa é ambíngua, sua dor é indistigível do prazer, não se sabe se estar diante de uma experiencia religiosa ou orgástica.
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