As Bodas de Caná: Ontem e Hoje.
Hoje, Domingo, o Evangelho de São João (um dos Apóstolos mais íntimos de Jesus) fala-nos de um dos episódios mais belos da vida de Jesus, que me toca profundamente: a Sua preocupação (e de Sua Mãe, Maria), para com os noivos que, subitamente, ficaram sem vinho para oferecer aos convivas.
Este episódio revela muito acerca da doçura e bondade d’Aqueles. Sabemos bem como o vinho, ainda hoje, é um elemento vital numa festa… E como é belo imaginarmos, há dois mil anos, Maria e Jesus, convidados para um casamento, nessa terra hoje tão martirizada...
Diga-se que a cidade de Qana-al-Jalil, que fica a 85 quilómetros de Beirute, é para os libaneses o local das "Bodas de Caná". Como prova, os libaneses apontam uma gruta, onde Jesus teria descansado, e em cujas rochas estão esculpidas figuras humanas. Para Israel, todavia, o local mencionado no Evangelho de São João situa-se numa cidade com o mesmo nome na Galiléia, próxima de Nazaré, onde Jesus passou a infância.
As pesquisas dos arqueólogos e estudiosos dos textos bíblicos apontam a tese israelita como a mais correcta... mas o que importa agora é nós pensarmos que naquela zona do Mundo, naquela porção de terra, na qual os cristãos são, hoje, tão perseguidos, caminharam Jesus e Sua Mãe. Numa Caná, pobre hoje como há dois mil anos, mas tão rica de significado...
Foi precisamente nas bodas de Caná que Jesus Cristo, pela sua presença, estabeleceu o sacramento do matrimónio.
Muito curioso, porém, é o assinalar, através dos textos apócrifos, que São Judas Tadeu, um dos Apóstolos, teria sido esposo precisamente nestas núpcias de Caná; tal explicaria a presença de Maria e de Jesus.
Belo, não é verdade?
Note-se que Judas Tadeu era parente consanguíneo (primo) de Jesus. Nasceu na Galiléia e seu pai era, na verdade, irmão de São José. Sua mãe, Maria Cleófas, era prima de Maria Santíssima…
Mas, voltando às nossas Bodas, atente-se que, na Bíblia, vale dizer, na Palavra de Deus, faz-se um paralelismo entre o casamento de um homem com uma mulher, e a relação que existe entre Deus e a Humanidade. Veja-se o “Cântico dos Cânticos”, o qual é uma parábola acerca do amor de Deus por Israel, a sua amada…
O que aqui releva, ao apaixonado por Jesus e Maria, é a sensibilidade, a delicadeza de Maria, que se comoveu perante a perturbação daqueles noivos, e a quem ela se apressou a socorrer, implorando ao Seu Filho um milagre, o primeiro, mesmo que ainda não tivesse chegado a Sua hora…
Maria, na sua imensa bondade, “apressou” a manifestação do Seu Filho. Mas Ele quis também demonstrar que o Seu primeiro milagre público ocorreu por causa do pedido de Sua Mãe. Assim, Jesus quer-nos dizer que intervém por intercessão da Virgem Maria, Aquela que está acima de todos os Santos e Anjos do Céu.
Ela é o caminho que conduz a Jesus…
Nota: "As bodas de Caná", de Paolo Veronese - óleo sobre tela; pintado em 1563
3 Comments:
Caro Amigo C-M só não percebi do Evangelho porquê é que só naquele dia chegoua a hora de Jesus? Porque não noutra ocasião, logo numa Festa? Embora a grande festa do sacramento do matrimónio.
Abraço
Ps: Tem primado muito nas fotos, belissímas, por sinal!
Caro Amigo Ferreira, um obrigado muito sentido pelas suas palavras.
A frase “A Minha hora ainda não chegou” (São João 2, 4) significa a hora da paixão e glorificação de Jesus (cf. Jo 7, 30; 8, 20; 12, 23-27; 13, 1; 17, 1; 19, 27); no dizer de João Paulo II, “quando Ele realizará a obra da redenção da humanidade”.
Um abraço
C-M
Amigo Cabral-Mendes, obrigado eu!
E aproveito para o parafrasear « Supra summun ( esta é para si...). »
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