Do 25 de Abril 2012: Marcello Caetano... sempre!
Lembro-me de, numa outra vida, ir
pelas ruas da Baixa (para mim existe só uma “Baixa” – a da cidade de Lisboa…)
com meu pai, a fim de irmos comprar o "Manual de Direito
Administrativo" do Professor Marcello Caetano, caloiro que eu era na minha
(amada) Faculdade de Direito (de Lisboa). Numa livraria, que já não existe, ali
para a Rua Augusta ou de São Nicolau…Lembro-me de meu pai ter dito ao livreiro,
mais ou menos esta frase: “afinal, diziam mal, mas ainda precisam dos livros
dele…”
E é verdade! A luz que ilumina
ainda hoje os administrativistas portugueses tem a sua fonte nesse Homem
extraordinário, jurista ilustre, homem honrado, impoluto, com ideais e um
projecto para Portugal: um Portugal intercontinental e plurirracial.
Como eu gostaria que ainda hoje
assim fosse, em vez de estarmos reduzidos a este pobre rectângulo sem glória!
O Professor Marcello Caetano quis
ser o rosto de uma autêntica “renovação na continuidade”: sem rupturas
dramáticas na sociedade portuguesa, tendo no horizonte a resolução da questão
da guerra ultramarina, mas sem o criminoso abandono de portugueses, brancos e
negros, como veio a acontecer em 1974, deixando-se ao império soviético, aos
americanos, aos cubanos e chineses um vasto património que era único ao tempo,
em toda a África!
O que pretendeu Marcello Caetano
foi criar, de certo modo, uma suave descontinuidade com o regime que estaria
algo anquilosado.
Foi a denominada “Primavera
Marcelista”, que só não chegou ao esplendor do verão, por via da intransigência
daqueles que não compreenderam a direcção que o rio da História estava a tomar,
por causa daqueles que rejeitaram, desde sempre, um Portugal grandioso, à
sombra do qual todos poderiam viver, brancos e negros. E pela acção daqueles
que pretendiam instaurar, no nosso País, uma ditadura semelhante ao bloco
soviético.
Marcello Caetano tentou governar
em função das diversas facções que compunham o próprio regime. Mas a vida dos
povos, das Nações, e dos intervenientes da História, é por demais dramática:
para desgraça de Portugal, Marcello Caetano chegou tarde demais ao poder, num
momento em que todo o mundo, que cobiçava as riquezas de África, e que não
tolerava uma Nação que tivesse fronteiras na Europa, na África e na Ásia,
conspirava contra nós!
Com a queda de Marcello Caetano,
todo um mundo idealista, toda uma política impregnada de certos e seguros
valores, toda uma particular visão da História, terminaram abruptamente.
Surgia, neste nosso País ("Nação Fidelíssima"), a enganadora utopia
do "homem novo" que tantos amargos frutos deu (e continua a dar –
veja-se a China, Cuba, Coreia do Norte) à Humanidade!
A nostalgia invade este pobre
escriba que, ao alinhavar estas linhas, sente que a vida é amarga, difícil,
breve e que não permite a realização de todos os sonhos...
Que o seu espírito encontre no
Senhor a Paz e a Justiça que os homens lhe negaram!
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