Dies Domini

Sartre escolheu o absurdo, o nada e eu escolhi o Mistério - Jean Guitton

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Localização: Lisboa, Reino Portugal Padroeira: Nª Srª Conceição, Portugal

Monárquico e Católico. intransigente defensor do papel interventor do Estado na sociedade. Adversário dos anticlericais saudosos da I República, e de "alternativos" defensores de teses “fracturantes”. Considera que é tempo, nesta terra de Santa Maria, de quebrar as amarras do ateísmo do positivismo e do cientismo substitutivo da Religião. Monárquico, pois não aliena a ninguém as suas convicções. Aliás, Portugal construiu a sua extraordinária História à sombra da Monarquia. Admira, sem complexos, a obra de fomento do Estado Novo. Lamenta a perda do Império, tal como ocorreu.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Do 25 de Abril 2012: Marcello Caetano... sempre!



Lembro-me de, numa outra vida, ir pelas ruas da Baixa (para mim existe só uma “Baixa” – a da cidade de Lisboa…) com meu pai, a fim de irmos comprar o "Manual de Direito Administrativo" do Professor Marcello Caetano, caloiro que eu era na minha (amada) Faculdade de Direito (de Lisboa). Numa livraria, que já não existe, ali para a Rua Augusta ou de São Nicolau…Lembro-me de meu pai ter dito ao livreiro, mais ou menos esta frase: “afinal, diziam mal, mas ainda precisam dos livros dele…”
E é verdade! A luz que ilumina ainda hoje os administrativistas portugueses tem a sua fonte nesse Homem extraordinário, jurista ilustre, homem honrado, impoluto, com ideais e um projecto para Portugal: um Portugal intercontinental e plurirracial.
Como eu gostaria que ainda hoje assim fosse, em vez de estarmos reduzidos a este pobre rectângulo sem glória!
O Professor Marcello Caetano quis ser o rosto de uma autêntica “renovação na continuidade”: sem rupturas dramáticas na sociedade portuguesa, tendo no horizonte a resolução da questão da guerra ultramarina, mas sem o criminoso abandono de portugueses, brancos e negros, como veio a acontecer em 1974, deixando-se ao império soviético, aos americanos, aos cubanos e chineses um vasto património que era único ao tempo, em toda a África!
O que pretendeu Marcello Caetano foi criar, de certo modo, uma suave descontinuidade com o regime que estaria algo anquilosado.
Foi a denominada “Primavera Marcelista”, que só não chegou ao esplendor do verão, por via da intransigência daqueles que não compreenderam a direcção que o rio da História estava a tomar, por causa daqueles que rejeitaram, desde sempre, um Portugal grandioso, à sombra do qual todos poderiam viver, brancos e negros. E pela acção daqueles que pretendiam instaurar, no nosso País, uma ditadura semelhante ao bloco soviético.
Marcello Caetano tentou governar em função das diversas facções que compunham o próprio regime. Mas a vida dos povos, das Nações, e dos intervenientes da História, é por demais dramática: para desgraça de Portugal, Marcello Caetano chegou tarde demais ao poder, num momento em que todo o mundo, que cobiçava as riquezas de África, e que não tolerava uma Nação que tivesse fronteiras na Europa, na África e na Ásia, conspirava contra nós!
Com a queda de Marcello Caetano, todo um mundo idealista, toda uma política impregnada de certos e seguros valores, toda uma particular visão da História, terminaram abruptamente. Surgia, neste nosso País ("Nação Fidelíssima"), a enganadora utopia do "homem novo" que tantos amargos frutos deu (e continua a dar – veja-se a China, Cuba, Coreia do Norte) à Humanidade!
A nostalgia invade este pobre escriba que, ao alinhavar estas linhas, sente que a vida é amarga, difícil, breve e que não permite a realização de todos os sonhos...
Que o seu espírito encontre no Senhor a Paz e a Justiça que os homens lhe negaram!


Nota: recuperação parcial de um texto meu de 2006.