Homo homini lupus
Hoje, ao ter de reorganizar o meu "Curriculum Vitae", mergulhei numa época já muito longínqua, mas não menos perturbadora. Lembrei-me de pormenores que até prefiro, não sendo possível esquecer, pelo menos não recordar muitas vezes os seus contornos de pesadelo. Os homens são mesmo maus…ou, numa perspectiva mais profunda, perversos. O perverso, como disse Marie-France Hirigoyen, “prefere matar indirectamente ou, mais exactamente, levar o outro a matar-se a si mesmo”. No fundo, na agressão perversa, não há nenhuma prova. É uma violência “limpa”. Um assassínio psíquico. Uma destruição subterrânea.
Lembrei-me de como me sentia, outrora, numa outra vida, como um marinheiro, no mar alto, revolto, sozinho e sem ninguém para, em conjunto, lutar. Mas esse tempo, graças a Deus, passou. Passou, no entanto (parece-me que foi Salazar que afirmou): perdoo, mas não esqueço.
As violências nunca se esquecem…
Imagem: óleo de Paul Klee - Simbad, o marinheiro (1923).
5 Comments:
Um dia gostava de passar por aqui e encontrar um texto que, debruçando-se sobre o passado ou o presente, fosse o espelho dum momento alegre, feliz, prazenteiro...
(De certeza, que tem momentos bons na sua vida tão dignos de registo e recordação quanto os outros)
A seu tempo...mas sou mais melancólico, sem ser triste no meu dia-adia, bem pelo contrário. Mas, no nosso interior, vivem paisagens e momentos que não esquecem...
Obrigado pelo desejo, crt.
Saberei aguardar. Entretanto, vou passando.
Então, meu amigo? Já foi. o pesadelo. Agora é outro tempo. E o Natal vem aí.
Um abraço -cr
Um abraço, CR!
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