Santa Isabel da Hungria e o perfume da Idade Média
Abriu a princesinha os seus olhos num ambiente de luxo e abundância que, paradoxalmente, foi despertando no seu coração sentimentos de piedade pelos mais pobres e desvalidos da sociedade daquele tempo.
Santa Isabel da Hungria, filha de Reis Húngaros, tia da Rainha Santa Isabel de Portugal e sobrinha de Santa Edwiges, nasceu em 1207. Casou-se com o Duque Luís da Turíngia, soberano de um dos feudos mais ricos do Sacro Império Romano Alemão.
Partiu, um dia, o seu marido para as Cruzadas, a fim de resgatar o Santo Sepulcro. Morreu este em combate, deixando-a com três filhos pequeninos.
Renunciou a propostas que lhe fizeram para novos matrimónios e decidiu dedicar a sua vida aos mais pobres. Dava de comer todos os dias aos pobres no seu castelo.
Os cunhados, que a odiavam, certamente pela sua bondade e beleza, expulsaram-na do castelo, em pleno inverno, de mãos vazias.
Mais tarde, os cavaleiros que tinham acompanhado o Duque da Turíngia nas cruzadas, regressaram com o seu corpo. Enfrentaram os Príncipes, irmãos do Duque falecido e estes, arrependidos, pediram perdão a Santa Isabel e devolveram-lhe os seus bens e propriedades.
Mas Isabel já não tinha nada que a ligasse a este mundo e, solenemente, na Igreja dos Frades Menores de Eisenach, renunciou aos seus bens, vestiu o hábito da Terceira Ordem Franciscana, e consagrou-se por completo à caridade.
Nesta passada Sexta- Feira, a Igreja recordou-a como exemplo de bondade, de desprendimento, de amor a Deus e ao seu semelhante.
Nos dias que correm, do alto da suposta superioridade do homem moderno, este olha com desprezo para essa Idade Média, como tendo sido um período de trevas no domínio da cultura, de crueldades várias, de desrespeito à dignidade humana. Puro engano! Uma época histórica que criou uma filosofia como a Escolástica, com um São Tomaz de Aquino, ou um São Boaventura, ou um Santo Alberto Magno; que construiu catedrais e igrejas magníficas como a Notre Dame de Paris, a Sé de Lisboa, castelos como o de Lisboa, ou os Jerónimos; uma época que teve o mais espiritual dos pintores, Fra Angélico; que nas letras teve um Dante Alighieri com a sua Divina Comédia, e Petrarca; que na espiritualidade cristã, produziu um São Francisco de Assis, inspirador de uma Santa Clara e, é claro, da Santa que nos induziu a escrever estas linhas neste Domingo - Santa Isabel da Hungria, foi forçosamente uma época de Luz e de explendor, onde o Homem revelou, para além dos seus piores defeitos, o mais belo e sublime amor a Deus e aos outros homens.
Paradoxalmente, com tanta maquinaria, tanta tecnologia, tanto “saber” acumulado e, afinal, o Homem está hoje muito mais bárbaro, mais cruel. Os exemplos não faltam: o massacre das “Torres Gémeas” em NY; o Médio Oriente sem solução, o Iraque destruído (creio bem que para sempre), a loucura à solta no Irão ou na Coreia do Norte; o desrespeito pelos mais elementares direitos do ser humano na China; toda a África na miséria...a América Latina eternamente com os seus bairros de lata imensos...
Resta-nos esperar que o nosso Deus nos venha salvar, uma vez que o Homem não consegue salvar-se de si próprio!
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