Nação Eterna III - Ultramar: palavras proféticas de Marcello Caetano.
" Conheço e amo a África. Conheço e amo as suas populações. É a pensar nas terras e nas gentes africanas que formo a minha opinião. É a pensar no drama das independências prematuras, é a pensar na impreparação total dos povos de África para constituírem e gerirem Estados do tipo que lhes querem impor, e cujas estruturas e funcionamento democráticos carecem totalmente de afinidades com milenários costumes de governo tribal, é a pensar na tragédia inevitável que a sementeira de ideias revolucionárias e de ódios raciais desencadearia em meios onde a equilibrada e paciente evolução conseguirá em alguns anos consolidar sociedades multirraciais, é a pensar nos perigos da escravização dos homens nos chamados socialismos africanos ou nas alienações dos países aos neocolonialismos irresponsáveis mas exploradores, que sustento a verdade e a necessidade da presença de Portugal em África.
E quando ouço dizer que a metrópole, liberta dos encargos ultramarinos, conheceria novos tempos de prosperidade, pergunto a mim próprio se as pessoas que o afirmam estão convencidas do que dizem.
Nunca professei a opinião de que Portugal, privado do Ultramar, estivesse condenado à perda da independência. Mas não quero pensar no que seriam os dias negros dessa privação. Não quero pensar no que seria a chegada à metrópole dos portugueses de Angola e Moçambique expulsos dos seus lares e em busca de novos meios de trabalho, nem na cólera de quantos se sentissem logrados nos sacrifícios feitos para manter em África a bandeira verde-rubra! Nem ouso imaginar o que doeria a ferida moral - o que por longos anos seria uma viva e ardente ferida aberta pelo abandono ou pela entrega na consciência do País.
Entrega a quem? Se são vários e rivais os chefes e os movimentos, que só se distinguem pelos países estrangeiros que lhes fornecem armas e apoios financeiros e diplomáticos? Se esses movimentos e esses chefes, carecidos de autoridade própria, de raízes nos territórios, de legitimidade de qualquer espécie, só teriam nas negociações a voz e o voto que lhes fosse ditado pelas potências que os sustentam e movem? Se em última análise as negociações acabariam por ser feitas não com as populações ou seus representantes - mas com países que encobertamente as conduziriam para depois, encobertamente também, passarem a ser senhores e fruidores dos territórios?
Porque a verdade é que, ao contrário da falsa ideia espalhada por uma propaganda insidiosa, nenhum movimento, a partir do caso do Congo em 1961, espontâneamente, surgiu, se desenvolveu e radicou em território português: todos foram fomentados, são apoiados e estão baseados em países estrangeiros.
Não. A entrega do Ultramar aos movimentos subversivos não faria a felicidade dos africanos e não seria com certeza factor de prosperidade, nem título de nobreza, nem motivo de orgulho nacional para os Portugueses.”
Marcello Caetano, “Portugal Não Pode Ceder” – Discurso pronunciado no Palácio das Necessidades em 6 de Outubro de 1969.
A História veio a dar-lhe razão...
Nota I: Foto do Memorial dos Mortos do Utramar. “Retirada” do aqui já citado (e muito estudado...) “Luís Graça & Camaradas da Guiné”. Com a devida vénia.
Nela, conforme se pode ler naquele “blogue”, vê-se Regina Mansata Djaló, viúva do Alferes graduado 'comando' africano Demba Cham Seca, apontando com o dedo o nome do seu marido, um dos 53 militares do Batalhão de Comandos Africanos, fuzilados pelos “camaradas” do “glorioso” PAIGC.
Nota II: clicar na imagem para uma perfeita visualização.
Etiquetas: Nação Eterna
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