Recolhimento II: um novo Outono.
O Outono chegou. E com ele inicio um “Moleskine, pois perco imenso material fiando-me na minha memória, que está péssima. Sequelas de grandes tormentos…
Levantei-me às 6H. Gosto deste horário matinal, pese embora o vício de me deitar tarde, andar sem destino pela casa, visitando a sua geografia, da sala para a cozinha (tentações gastronómicas…), desta para a sala. Sentar-me e assistir a um debate (perda de tempo mas que querem?), um filme… enfim, as horas escorrendo , a noite ficando cada vez mais breve, daí a pouco é madrugada e é preciso enfrentar um novo dia …
Na “Mexicana”, após um café e a leitura do “Público” (o Sócrates odeia este jornal… mas ele não odeia tudo e todos?!), Missa em São João de Deus, a única zona da cidade de Lisboa capaz de me reconciliar com este viver citadino. O ar leve e ainda fresco, virginal, da manhã. Jesus espera-me no interior da Igreja, construída num tempo em que esta Nação tinha um rumo e um ideal.
Igreja silenciosa, recolhida como eu gosto. Padre vindo do Leste…nada de “festarolas” a fazer cedências à “modernidade”…
Presentes a esta hora estão não os fiéis mas sim os fidelíssimos: aqueles que querem começar o dia cobertos com a Sombra de Jesus.
Como eu compreendo os membros da “Opus Dei” que iniciam escrupulosamente as manhãs com uma visita ao Senhor! Não conheço melhor forma de construir o quotidiano!
Recolhimento é a palavra que mais me ocorre nos dias que passam. Estou cansado de tanta agitação, de tantas acções menos dignas dos homens que deveriam ser solidários. Afinal, não somos todos irmãos em Cristo? Na prática, parece que não… tal o antagonismo que nos divide…
Lamento, mas não acredito (em geral) na bondade dos homens, muito menos na sua (falsa) sinceridade. Temos uma faceta muito selvagem que esta “civilização” não foi capaz de eliminar. Parece que vemos o outro como inimigo! E como esta atitude está longe da visão cristã!
Que fazer? Recolhimento do nosso ser parece ser a solução. Descansarmos na nossa intimidade, para reflectirmos e mergulharmos na sabedoria de Jesus, e transformarmo-nos por dentro. É uma luta de uma vida, lá isso é…
Virão dias cinzentos e frios. Virá a chuva com a sua música para nos fazer companhia. E, obrigando-nos a ficar em casa, esqueceremos a loucura da rua, e repousaremos o coração em Deus, nossa única Esperança.
Etiquetas: Palavras ditas a Jesus
4 Comments:
Bem tornado.
Faltam, essas ponderações sentidas.
Fazer silêncio interior ... Como é importante no meio de tantas pessoas que encontramos no nosso dia-a-dia. Não se trata de fugir do mundo, mas de viver no mundo com a paz de Cristo! Aquela que mesmo nos momentos de trevas nos reconduz, vezes sem conta, ao colo de Jesus e Maria.
Obrigado Margarida. Mas o tempo foge... é um bem escasso...
Maria João, obrigado pela sua visita. Retenho a sua frase: "Não se trata de fugir do mundo, mas de viver no mundo com a paz de Cristo!"
Tenho de andar acompanhado de tal frase...
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