Dies Domini

Sartre escolheu o absurdo, o nada e eu escolhi o Mistério - Jean Guitton

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Localização: Lisboa, Reino Portugal Padroeira: Nª Srª Conceição, Portugal

Monárquico e Católico. intransigente defensor do papel interventor do Estado na sociedade. Adversário dos anticlericais saudosos da I República, e de "alternativos" defensores de teses “fracturantes”. Considera que é tempo, nesta terra de Santa Maria, de quebrar as amarras do ateísmo do positivismo e do cientismo substitutivo da Religião. Monárquico, pois não aliena a ninguém as suas convicções. Aliás, Portugal construiu a sua extraordinária História à sombra da Monarquia. Admira, sem complexos, a obra de fomento do Estado Novo. Lamenta a perda do Império, tal como ocorreu.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Guerra do Ultramar: "Não Apaguem a Memória" dos nossos combatentes, brancos e negros!

“Resolução da Assembleia da República n.º 75/2009
Sobre a transladação para Portugal dos restos mortais
dos militares mortos na Guerra do Ultramar e a dignificação
dos talhões e cemitérios em que se encontram sepultados.

A Assembleia da República, tendo em conta a especial
importância para a dignificação de Portugal e da defesa
nacional e em nome de todos aqueles que morreram pelo
País, resolve, nos termos do n.º 5 do artigo 166.º da Constituição,
recomendar ao Governo o seguinte:
1 — Continuar a apoiar o trabalho da Liga dos Combatentes
com meios humanos financeiros e técnicos e prossigam o seu trabalho no terreno na recuperação de cemitérios
e talhões até que os objectivos estejam concluídos.
2 — Acompanhar este trabalho, bem como facilitar,
quando possível, e de acordo com a vontade dos familiares,
o retorno dos restos mortais dos militares a Portugal
e às suas famílias, dignificando -se o Estado e a memória
colectiva dos Portugueses.”



É esta a resolução da Assembleia da República (Diário da República, 1.ª série, N.º 157, de 14 de Agosto de 2009), em linguagem algo contida e cifrada, que vem “lembrar” ao Governo (hipócritamente, uma vez que este está quase a ser "despedido") que ainda existe muito por fazer no que diz respeito à dignificação da memória de todos os portugueses que foram chamados a defender uma Nação que ao tempo se estendia do “Minho a Timor”. Memória essa que incomoda todos aqueles (como Mário Soares, Almeida Santos tantos tantos outros e os seus apaniguados maçónicos) que “dedicaram” a sua vida a destruir uma Nação velha de séculos e que “deu novos mundos ao mundo”.

Bem sei que estas palavras estão gastas, mas porventura não estarão todas?
Não obstante a perda de significado de palavras que traduziam comprometimento com um ideal de grandeza, nós bem sabemos que existe um certo vocabulário que ainda faz “tremer” todos aqueles que traíram Portugal e o seu destino.
Nota: a foto foi retirada do Blog "Praia da Claridade" :

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2 Comments:

Blogger joaquim said...

Meu caro amigo

Peço desculpa pela extensão do comentário mas deixo aqui um texto que escrevi, para um blogue de ex-combatentes da Guiné, a propósito dos que lá ficaram e dos que vieram.

Meus caros camarigos

Quando vim da Guiné e sobretudo depois da descolonização, era-me muito difícil falar da guerra, não porque tivesse tido assim tantos problemas ou acções militares de consequências funestas, mas porque as noticias que nos chegavam indiciavam uma incrível barbárie exercida sobre aqueles que connosco tinham combatido.

Aqueles que tal como nós tinham jurado a Bandeira Portuguesa, que tinham acreditado que éramos uma Nação, que tinham acreditado que Portugal honrava os seus compromissos, viam-se agora abandonados à sua sorte e alvos de vinganças cruéis e desnecessárias.

Curiosamente, ou talvez não, condenava mais as autoridades portuguesas que as recém-empossadas guineenses, porque achava e ainda acho que nos competia a nós, portugueses, assegurar no território a transição pacífica defendendo aqueles que connosco tinham combatido, e, se tal não fosse possível, então trazer aqueles que o quisessem para Portugal, visto que eram por direito cidadãos portugueses como os demais.

Por vezes pressionado por outras pessoas falava da Guiné e acabava sempre com um choro de lágrimas verdadeiras, numa mistura de saudade e de revolta, até contra mim próprio, que me sentia em grande parte responsável pela mentira que tínhamos praticado sobre aqueles que comandei no Pel Caç Nat 52 e na CCaç 15 e que tanto deram de si, e por mim também.

Quem me conhece sabe que não sou homem de relações frias e distantes, mas sim que me entrego e dou completamente à amizade, pelo que aqueles homens não eram “meus” soldados, mas sim meus amigos que me protegiam e eu protegia.

Por causa deles tive muitas discussões com comandantes, que nos julgavam carne para canhão, e arrostando muitas vezes com possíveis retaliações, nunca deixei de os defender em tudo o que me era possível.

Ver o meu país cobrir-se de vergonha, abandonando os seus filhos de pleno direito, era demais para a minha ainda insípida recuperação da guerra e então as lágrimas brotavam e muitas vezes a irritação que me levou de quando em vez à violência com aqueles que não me compreendiam, ou melhor que não compreendiam a incrível vergonha que sentia.

Abro aqui o meu coração, mesmo que a dor ainda cá more, mas o texto do Cherno teve o condão de abrir as portas à minha memória e à minha indignação.

E não choro e não me revolto apenas por aqueles que lá ficaram porque os abandonámos, (e não há outra forma de o dizer), mas também por aqueles que regressaram connosco e não lhes demos condições de integração, ou que até hoje ainda não viram os seus direitos como portugueses verdadeiramente reconhecidos.

E junto a todos estes os mortos vivos, os estropiados física e mentalmente, sejam eles quais forem, negros e brancos da Guiné até Timor, e que ao fim de 35 anos continuam a lutar por uma migalha do Estado, do mesmíssimo Estado que os enviou ou chamou para a guerra.

As pessoas mudam, mas a Nação é a mesma, e esta Nação velha de quase 900 anos, escreveu uma página de vergonha na sua história e, pior ainda, não consegue olhar para trás e corrigir o seu erro.

Pois fiquem sabendo, meus camarigos, nos quais envolvo o Cherno Baldé e todos os guineenses de boa vontade, que ainda choro e ainda me revolto, por isso fico por aqui neste texto que me dói como uma ferida que não fecha e sempre sangra.

Já uma vez o escrevi e volto a escrever: Que esperamos nós para fazer ouvir a nossa voz?

Abraço sentidamente camarigo do

Joaquim Mexia Alves

“Camarigo” palavra que inventei para definir o camarada de armas e amigo.


Abraço amigo

sexta-feira, agosto 14, 2009  
Blogger C.M. said...

Amigo Joaquim: só agora lhe respondo pois andei a meditar nas suas palavras. Obrigado pelas mesmas, as quais possuem um grande valor acrescentado, pois provêm de um antigo e valoroso combatente. Com mais alguns homens da sua estatura moral, Portugal hoje seria diferente para melhor.

Lamento não ter tido a oportunidade de defender no Ultramar a minha (antiga) Nação mas deu-se o 25 Abril, o qual me "libertou" de embarcar para África. Pouco faltava...Poderia ter morrido ou pior... mas o nosso destino já está de antemão escrito nas "estrelas"...


Um grande abraço!

(temos de organizar um almoçinho...veremos...).

quinta-feira, agosto 20, 2009  

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