Dies Domini

Sartre escolheu o absurdo, o nada e eu escolhi o Mistério - Jean Guitton

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Localização: Lisboa, Reino Portugal Padroeira: Nª Srª Conceição, Portugal

Monárquico e Católico. intransigente defensor do papel interventor do Estado na sociedade. Adversário dos anticlericais saudosos da I República, e de "alternativos" defensores de teses “fracturantes”. Considera que é tempo, nesta terra de Santa Maria, de quebrar as amarras do ateísmo do positivismo e do cientismo substitutivo da Religião. Monárquico, pois não aliena a ninguém as suas convicções. Aliás, Portugal construiu a sua extraordinária História à sombra da Monarquia. Admira, sem complexos, a obra de fomento do Estado Novo. Lamenta a perda do Império, tal como ocorreu.

domingo, 10 de agosto de 2008

Palavras loucas V: Carta de (des)amor.


Magoaste-me? Magoei-te? Talvez pela tua indiferença. Ou talvez seja apenas o teu modo de estar. Tranquilo, demasiado tranquilo para a minha maneira de ser, louca e irrequieta, apesar dos meus 50 anos.

E há momentos em que sinto a minha alma perdida e mal amada.

Como hoje, dia em que descemos até ao mar, que já não víamos há tanto tempo.
Dia que deveria ser de redenção e não o foi.
Dia que deveria ser mágico, superlativo, e foi insignificante. Agreste.

Lutámos com palavras sem sentido. Será que a mente das mulheres envelhece mais cedo que a dos homens? Acomodar-se-á mais facilmente ao “rame-rame” dos dias que correm, qual rio indolente e adormecido?

Nós homens somos rebeldes, combativos, guerreiros; por tudo e por nada discutimos, gritamos, enervamo-nos. Por dá cá aquela palha…

Elas não. Deixam calmamente fluir os seus rios interiores, contentando-se com a superfície calma dos mesmos. Ora, a nós o que nos apetece é agitar essa superfície lisa, e torná-la alterosa, arrebatada, enfim, desinquietá-la.

E é assim que vai passando à nossa frente o Tempo, que não espera por nós.

Com a minha impaciência talvez que eu não ajude…
Mas sabes que não estaremos sempre aqui, e que este tempo, este espaço, este amor, não se repetirão ( e por vezes o que nós homens queremos é tão só um abraço, deitar a cabeça no colo e receber festas...).

É por isso que não compreendo os teus vagares, como se o amor pudesse esperar pelo dia seguinte.


É que, não esqueças, poderá não existir dia seguinte.

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8 Comments:

Blogger C.M. said...

Permito-me transcrever para aqui as palavras da minha amiga Ni:

De Ni*... a 10 de Agosto de 2008 às 06:35

«Ora, a nós o que nos apetece é agitar essa superfície lisa, e torná-la alterosa, arrebatada, enfim, desinquietá-la.

E é assim que vai passando à nossa frente o Tempo, que não espera por nós.
(...)

É por isso que não compreendo os teus vagares, como se o amor pudesse esperar pelo dia seguinte.


É que, não esqueças, poderá não existir dia seguinte.»

__________________~*~_______________

BRAVO!!!

Agite, altere, arrebate, desinquiete...
Ela (todas as mulheres!) é exactamente isso que querem no homem amado.

O que mata o Amor (não refiles, Cleo... o Amor pode ser assassinado... oxalá nunca o descubras!) é exactamente quando os dois desistem desse agitar... desse alterar... desse arrebatar... dessa (des)inquietação... desse 'contentamento descontente'.

CM... fica aqui registada a minha admiração face ao que escreveu!

Abraço, meu amigo!"

domingo, agosto 10, 2008  
Blogger AnaMar (pseudónimo) said...

Permita-me que discordo. pela parte que me toca. Por ser mulher. Por me ter deliciado com o seu texto.

Mas, acho que as mulheres nõa deixam calmamente fluir os seus rios interiores. Muito menos se contentam com a calma superfície dos mesmos.

Penso que não é uma questão de ser homem ou mulher, a forma mais ou menos intempestiva como olhamos e VIVEMOS a VIDA. Embora haja diferenças. E Graças a Deus que as há, porque assim nos completamos...

Curioso é o facto de eu me atrever a dizer que nós mulheres "somos rebeldes combativas, guerreiras e que discutimos por tudo e por nada, gritamos e enervamo-nos- e acho que os homens estão sempre a acusar-nos disso.

Os homens já querem paz, que os deixem no seu espaço, regressam às cavernas, quais lobos solitários...para retemperar energias, porque as mulheres lhe torram a paciência? :-)

Porque nós mulheres queremos tudo. E acredito que os homens também.

A questão é se queremos as mesmas coisas , no mesmo tempo...

E os comportamentos relatados são estados de alma. tanto femininos como masculinos.

Fascinante são estes anseios serem descritos por um homem, quando as preoucupações apontadas, são , na generalidade do foro feminino e para as quais os homens, na sua maioria, não têm paciência para "lamechices"...

" (e por vezes o que nós homens queremos é tão só um abraço, deitar a cabeça no colo e receber festas...). LINDO!

Aplaudo a sua alma tão sensível. E o seu belo texto em carta de amor.

domingo, agosto 10, 2008  
Blogger C.M. said...

Anamar, ainda bem que se deliciou com o texto...

Quando diz que as mulheres querem tudo, bem como os homens, a questão reside em saber, com efeito, se ambos as querem AO MESMO TEMPO, como muito bem diz; e aí reside o problema, e o desfasamento temporal do desejo...seja ele qual for...

Bjs.

domingo, agosto 10, 2008  
Blogger -JÚLIA MOURA LOPES- said...

quando há desencontro entre o desejo , não há amor, não adianta agitar nada.:-)

Linda carta, CM!


é a minha humilde opinião. pão-pão-queijo-queijo.trigo-limpo-farinho-amparo.

domingo, agosto 10, 2008  
Blogger C.M. said...

Querida Júlia, Vexa parte a loiça toda.:-)

domingo, agosto 10, 2008  
Blogger -JÚLIA MOURA LOPES- said...

:-)

pois, sou do tudo ou do nada, não gosto do morno.

segunda-feira, agosto 11, 2008  
Blogger redonda said...

Gostei do texto, é muito bonito, e é engraçado porque estava mais a ver as mulheres a sentirem o que descrevia e os homens a serem demasiado tranquilos. Se calhar somos é todos diferentes, independentemente do género, alguns homens e algumas mulheres são rebeldes e combativos e alguns homens e algumas mulheres são calmos e tranquilos.

terça-feira, agosto 12, 2008  
Blogger C.M. said...

É isso, Redonda, se calhar somos algo diferentes, independentemente do facto de sermos homens ou mulheres...

Obrigado pelo elogio...uau!

Bjs.

quarta-feira, agosto 13, 2008  

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