Omnia fert aetas ( O Tempo leva tudo embora).
Tenho a paixão dos alfarrabistas, dos livros antigos que já tiveram donos (se acaso nós somos proprietários de alguma coisa...) e os quais já partiram e revelaram-se afinal mais frágeis e efémeros que os livros que leram viveram e amaram…
Que dizer das memórias entranhadas que esses livros têm!... As marcas dos nossos dedos neles impressa, o vestígio ténue da nossa Alma que os contemplou e neles tantas vezes adormeceu…
Que dizer dos ensinamentos que nos podem dar... os “mundos” que esses "calhamaços" viram... outras casas, outras estantes… eles encerram em si todas as conversas tidas numa sala, porventura à lareira, entre quatro paredes forradas de memórias... revestidas de amores, de afectos, de eternas esperanças….
Pressentirão os contemporâneos os tesouros neles encerrados? Os sonhos vividos através desses livros?
Tenho alguns livros assinados por Marcello Caetano. Direito Administrativo, sempre. Passo por vezes os meus dedos pela tinta azul da sua suave e tranquila caligrafia e sinto-a... rugosa, a tinta ainda vive nos seus traços indeléveis. E leio os seus votos a quem ofereceu este ou aquele livro (agora na minha posse – que voltas que as coisas dão neste mundo! - amanhã sabe-se lá de quem…) e penso como a vida é breve, frágil, tão frágil que até os livros nos sobrevivem… até as letras desenhadas pelo nosso próprio punho nos sobrevivem…
Que dizer das memórias entranhadas que esses livros têm!... As marcas dos nossos dedos neles impressa, o vestígio ténue da nossa Alma que os contemplou e neles tantas vezes adormeceu…
Que dizer dos ensinamentos que nos podem dar... os “mundos” que esses "calhamaços" viram... outras casas, outras estantes… eles encerram em si todas as conversas tidas numa sala, porventura à lareira, entre quatro paredes forradas de memórias... revestidas de amores, de afectos, de eternas esperanças….
Pressentirão os contemporâneos os tesouros neles encerrados? Os sonhos vividos através desses livros?
Tenho alguns livros assinados por Marcello Caetano. Direito Administrativo, sempre. Passo por vezes os meus dedos pela tinta azul da sua suave e tranquila caligrafia e sinto-a... rugosa, a tinta ainda vive nos seus traços indeléveis. E leio os seus votos a quem ofereceu este ou aquele livro (agora na minha posse – que voltas que as coisas dão neste mundo! - amanhã sabe-se lá de quem…) e penso como a vida é breve, frágil, tão frágil que até os livros nos sobrevivem… até as letras desenhadas pelo nosso próprio punho nos sobrevivem…
9 Comments:
Também eu tenho essa paixão. Aprendi-a com o meu pai.
As horas que eu gostava de passar lá... no mei de sonhos velhos, páginas lidas e relidas, algumas com apontamentos ao lado...
os livros que guardo em casa de meus pais...velhos carcomidos, lindos.. adoro-os.
tenho uma relação doentia com eles.... é como se fossem pedaços de mim.
Compreendo-a perfeitamente, Cleo...
Uma forma interessante de olhar para os livros.
Eu costumava ler as datas e locais em alguns dos livros do meu pai e punha-se a imaginar como seria a vida dele então. Ele tinha esse hábito de escrever nos livros, a data e a cidade onde os comprava, e eu passei a fazer o mesmo, desde que me lembro (excepto durante um pequeno período de tempo em que pensei que não deviamos possuir nada porque tudo devia ser de todos)
Acho engraçado agora quando pego em alguns dos meus livros mais antigos e descubro uma letra redonda ( :) ) e infantil.
É verdade, cara Redonda, também tenho esse hábito/compulsão de escrever nos livros as minhas impressões, e as datas e locais onde os adquiro... um dia quem os lerá?...
Belíssimo.
Abraço
Esse elogio vindo de si!...até me deixa corado...
Redonda, um dia, quando olhares essas letras que são e foram do teu pai, vais sentir a presença dele, o traço dele , da caneta dele, o rosto dele e o olhar atento e sonhador enquanto escrevia.
Vais rever as mãos dele..o cheiro dele e o sorriso que te dava quando estava feliz
Vais sentir o orgulho dele por ti
e vais deixar rolar uma lágrima de felicidade, de saudade, de dor e muito, muito amor.
Posso perguntar quem é o rapaz da foto?
Olhe, Cleo, eu não sou...enfim...mas olhe, lembrou-me uma loucura: vou colocar uma foto "nossa" assim algo esbatida, ok?
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