Na Pátria da Poesia, (ela que já foi romântica...)
PÁTRIA
Foste um mundo no mundo,
E és agora
O resto que de ti
Já não posso perder:
A terra, o mar e o céu
Que todo eu
Sei conhecer
Foste um sonho redondo,
E és agora
Um palmo de amargura
Retornada.
Amargura que em mim
Também nunca tem fim,
Por ter sido comigo baptizada.
Foste um destino aberto,
E és agora
Um destino fechado.
Destino igual ao meu, amortalhado
Nesta luz de incerteza
E de certeza
Que vem do sol presente e do passado.
Miguel Torga, Coimbra, 28 de Abril de 1977
(in Miguel Torga, "Poesia Completa" , Dom Quixote, 1ª edição, 2000).
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