Vinhos do Tejo.
Ontem à noite, ao jantar, bebi um vinho do Tejo, ou melhor, da região Tejo. Ao que parece, começa a existir uma forte chamada de atenção para os vinhos desta região, injustificadamente esquecidos durante tantos anos.
Esquecidos como toda essa região do Ribatejo, outrora cheia de vida, como pude testemunhar quando, em miúdo, ia de férias para Alvega ou, na margem oposta, para Mação, mais ao norte, terras de encanto, de um outro País que dolorosamente não mais existe. Nem o País nem aqueles que ali conheci. Tudo morto. Como Portugal…
De facto, custa a crer que durante os anos “obscuros” do Estado Novo Portugal estivesse cheio de vida, de gentes laboriosas, de actividade económica em franco desenvolvimento, e agora estejamos (aliás desde 1974) em permanente agonia.
Hoje estão as zonas do interior em colapso, pelo abandono a que foram votadas. E andaram os governantes do Estado Novo a desenvolverem paulatinamente o coração do País, incentivando a fixação das populações, aí criando os mais diversos serviços do Estado (e não havendo à época donativos da União Europeia…) afinal para ser tudo destruído anos mais tarde!
No Anuário de 2009 do Instituto da Vinha e do Vinho pode ler-se que entre 1900 e 1960, a população da então chamada Metrópole, aumentou cerca de 61%, tendo tido na Região do Tejo sensivelmente a mesma evolução. Nos concelhos de maior incidência vitivinícola (Almeirim, Alpiarça, Cartaxo, Chamusca, Coruche, Rio Maior, Salvaterra de Magos e Santarém), o aumento de população naquele período foi de cerca de 175% e só em Almeirim este aumento foi de cerca de 228%!
Hoje, não há crescimento demográfico, talvez até por via das dramáticas condições financeiras das famílias – não há “espaço” para filhos!
Enfim, repito, hoje quase tudo está abandonado, salvo as grandes quintas do Ribatejo dedicadas á exploração da vinha. Valha-nos isso!
Pois voltando ao vinho, aquele que bebi, um branco muito leve, fresco, macio, aveludado e frutado, pela sua transparência fez-me recordar as águas do rio Tejo, igualmente translúcidas, onde há muitos muitos anos abandonei o corpo à suave ondulação das suas águas, nas muitas enseadas que existiam nas margens. E, na minha ilusão, olhando para aquele néctar da garrafa já perigosamente “atacado”, parecia-me ver de novo o velho barqueiro, que fazia o transbordo das pessoas que vinham da linda Estação da CP de Alvega-Ortiga, para a outra margem, a navegar naquelas águas, tocando com o seu grosso varapau as pedrinhas do rio visíveis lá no fundo, suavemente pousadas na areia, naqueles baixios do rio, e a vertigem da inclinação do barco, cheio de pessoas com as suas malas de viagem.
Hoje, perdida a casa dos meus bisavós, nada me resta. Apenas memórias amargas.
De facto, custa a crer que durante os anos “obscuros” do Estado Novo Portugal estivesse cheio de vida, de gentes laboriosas, de actividade económica em franco desenvolvimento, e agora estejamos (aliás desde 1974) em permanente agonia.
Hoje estão as zonas do interior em colapso, pelo abandono a que foram votadas. E andaram os governantes do Estado Novo a desenvolverem paulatinamente o coração do País, incentivando a fixação das populações, aí criando os mais diversos serviços do Estado (e não havendo à época donativos da União Europeia…) afinal para ser tudo destruído anos mais tarde!
No Anuário de 2009 do Instituto da Vinha e do Vinho pode ler-se que entre 1900 e 1960, a população da então chamada Metrópole, aumentou cerca de 61%, tendo tido na Região do Tejo sensivelmente a mesma evolução. Nos concelhos de maior incidência vitivinícola (Almeirim, Alpiarça, Cartaxo, Chamusca, Coruche, Rio Maior, Salvaterra de Magos e Santarém), o aumento de população naquele período foi de cerca de 175% e só em Almeirim este aumento foi de cerca de 228%!
Hoje, não há crescimento demográfico, talvez até por via das dramáticas condições financeiras das famílias – não há “espaço” para filhos!
Enfim, repito, hoje quase tudo está abandonado, salvo as grandes quintas do Ribatejo dedicadas á exploração da vinha. Valha-nos isso!
Pois voltando ao vinho, aquele que bebi, um branco muito leve, fresco, macio, aveludado e frutado, pela sua transparência fez-me recordar as águas do rio Tejo, igualmente translúcidas, onde há muitos muitos anos abandonei o corpo à suave ondulação das suas águas, nas muitas enseadas que existiam nas margens. E, na minha ilusão, olhando para aquele néctar da garrafa já perigosamente “atacado”, parecia-me ver de novo o velho barqueiro, que fazia o transbordo das pessoas que vinham da linda Estação da CP de Alvega-Ortiga, para a outra margem, a navegar naquelas águas, tocando com o seu grosso varapau as pedrinhas do rio visíveis lá no fundo, suavemente pousadas na areia, naqueles baixios do rio, e a vertigem da inclinação do barco, cheio de pessoas com as suas malas de viagem.
Hoje, perdida a casa dos meus bisavós, nada me resta. Apenas memórias amargas.
Nota: na foto (retirada do infelizmente desactivado blog "Alvega-info, para o qual escrevi em tempos alguns artigos), um barco bem velhinho, a descansar na margem esquerda do Tejo, talvez o mesmo que conheci em miúdo.
Etiquetas: Estados de Alma
2 Comments:
muito agradável para ler neste blog
cumprimentos
Obrigado pela visita!
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