Em Portugal, Nação e Igreja são equivalentes.
"Em Portugal, Nação e Igreja são equivalentes."
Para aqueles que me acusam de “confundir” Estado e Catolicismo, eis a resposta neste estudo publicado no “Jornal Público” do dia 10 de Junho 2008.
A transcrição (parcial) segue, com a devida vénia.
Estudo revela factores da identidade nacional: nascer no país é importante, a religião católica também.
Ser português equivale a ser religioso, e mais concretamente católico: é assim que pensam 68,5 por cento dos cidadãos, segundo os resultados de um inquérito sobre identidade nacional realizado no âmbito do projecto International Social Survey Programme (ISSP).
(…)
Dos 34 países inquiridos no estudo do ISSP (o lado português do estudo esteve a cargo do Instituto de Ciências Sociais), Portugal está em sétimo lugar na importância dada à religião como elemento definidor da identidade nacional. Na União Europeia, só é ultrapassado pela Polónia e Bulgária. No resto do mundo, pelas Filipinas, por Israel, pela África do Sul e pela Venezuela.
O historiador José Sobral (um dos coordenadores do estudo, com o sociólogo Jorge Vala) vê na identificação dos portugueses com a religião um produto tanto do passado distante como da história recente.
Recuando à época medieval, os portugueses viam-se e eram apontados, nas narrativas nacionalistas, como tendo uma relação especial com Deus: eram uma espécie de povo escolhido, a quem fora dada a missão de espalhar a fé pelo mundo. Este sentimento foi reforçado de modo a legitimar a expansão imperial, frisa Sobral.
Para aqueles que me acusam de “confundir” Estado e Catolicismo, eis a resposta neste estudo publicado no “Jornal Público” do dia 10 de Junho 2008.
A transcrição (parcial) segue, com a devida vénia.
Estudo revela factores da identidade nacional: nascer no país é importante, a religião católica também.
Ser português equivale a ser religioso, e mais concretamente católico: é assim que pensam 68,5 por cento dos cidadãos, segundo os resultados de um inquérito sobre identidade nacional realizado no âmbito do projecto International Social Survey Programme (ISSP).
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Dos 34 países inquiridos no estudo do ISSP (o lado português do estudo esteve a cargo do Instituto de Ciências Sociais), Portugal está em sétimo lugar na importância dada à religião como elemento definidor da identidade nacional. Na União Europeia, só é ultrapassado pela Polónia e Bulgária. No resto do mundo, pelas Filipinas, por Israel, pela África do Sul e pela Venezuela.
O historiador José Sobral (um dos coordenadores do estudo, com o sociólogo Jorge Vala) vê na identificação dos portugueses com a religião um produto tanto do passado distante como da história recente.
Recuando à época medieval, os portugueses viam-se e eram apontados, nas narrativas nacionalistas, como tendo uma relação especial com Deus: eram uma espécie de povo escolhido, a quem fora dada a missão de espalhar a fé pelo mundo. Este sentimento foi reforçado de modo a legitimar a expansão imperial, frisa Sobral.
Apesar do abanão da I República, o catolicismo voltou a florescer no Estado Novo, tendo-se reconstituído como um pilar do nacionalismo oficial promovido por Salazar.
(…)
O sentimento religioso faz parte de um bolo que nos afasta da maioria dos nossos parceiros europeus. Os portugueses privilegiam como atributos maiores da identidade nacional um lugar subjectivo (o sentir-se português) e o conhecimento da língua; no entanto, estão muito acima da média europeia na importância que dão, como traços constitutivos da identidade nacional, ao ter-se nascido no país e contar com antepassados nacionais.
(…)
Em conjunto com a importância dada à religião, estes dados dão forma a uma concepção fechada da identidade nacional, descrita pelo antropólogo como uma resposta, uma reacção crispada, à crescente abertura do país, tanto no que respeita aos imigrantes como à integração na UE. Leal não considera contudo que se possa concluir que os portugueses são mais patrióticos ou mais nacionalistas do que a média europeia. O que é diferente é o tipo de relação com a ideia que fazem de Portugal.
É o que revela o outro bloco do inquérito do ISSP, que se debruçou sobre as fontes de orgulho nacional. Aí, Portugal está entre os cinco países que mais orgulho manifestam na sua História, em 15º lugar quando se trata de enaltecer os feitos em literatura e artes (…).
(…)
Para os portugueses, a grandeza continua então a ser pertença do passado.
Mas o nacionalismo não se esgota nos grandes épicos. Antes, defende o historiador, reproduz-se no quotidiano por via de uma série de manifestações do chamado nacionalismo banal. Pode ser a defesa de um vinho, de um azeite, de um prato, de uma música ou... da selecção nacional, que volta a ser agora, nestes dias do Euro 2008, o grande pólo agregador do orgulho português.
(…)
Os portugueses continuam a hipervalorizar o sangue e a terra. (...).
Afinal, quem tinha razão? Ainda vão dizer que a culpa foi do Estado Novo?
Como afirma José Manuel Fernandes, em editorial do “Público”,
“O catolicismo nacional, que resistiu ao liberalismo do século XIX e ao republicanismo jacobino do século XX, é um fenómeno que não pode ser explicado apenas por efeito de um regime que durou meio século. Ou então há muito que Fátima teria deixado de ser o fenómeno de multidões que continua a ser.
Esta realidade deve ser entendida no quadro de uma afirmação nacional antiga, com quase nove séculos, e que é absolutamente única na Europa.”
(…)
O sentimento religioso faz parte de um bolo que nos afasta da maioria dos nossos parceiros europeus. Os portugueses privilegiam como atributos maiores da identidade nacional um lugar subjectivo (o sentir-se português) e o conhecimento da língua; no entanto, estão muito acima da média europeia na importância que dão, como traços constitutivos da identidade nacional, ao ter-se nascido no país e contar com antepassados nacionais.
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Em conjunto com a importância dada à religião, estes dados dão forma a uma concepção fechada da identidade nacional, descrita pelo antropólogo como uma resposta, uma reacção crispada, à crescente abertura do país, tanto no que respeita aos imigrantes como à integração na UE. Leal não considera contudo que se possa concluir que os portugueses são mais patrióticos ou mais nacionalistas do que a média europeia. O que é diferente é o tipo de relação com a ideia que fazem de Portugal.
É o que revela o outro bloco do inquérito do ISSP, que se debruçou sobre as fontes de orgulho nacional. Aí, Portugal está entre os cinco países que mais orgulho manifestam na sua História, em 15º lugar quando se trata de enaltecer os feitos em literatura e artes (…).
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Para os portugueses, a grandeza continua então a ser pertença do passado.
Mas o nacionalismo não se esgota nos grandes épicos. Antes, defende o historiador, reproduz-se no quotidiano por via de uma série de manifestações do chamado nacionalismo banal. Pode ser a defesa de um vinho, de um azeite, de um prato, de uma música ou... da selecção nacional, que volta a ser agora, nestes dias do Euro 2008, o grande pólo agregador do orgulho português.
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Os portugueses continuam a hipervalorizar o sangue e a terra. (...).
Afinal, quem tinha razão? Ainda vão dizer que a culpa foi do Estado Novo?
Como afirma José Manuel Fernandes, em editorial do “Público”,
“O catolicismo nacional, que resistiu ao liberalismo do século XIX e ao republicanismo jacobino do século XX, é um fenómeno que não pode ser explicado apenas por efeito de um regime que durou meio século. Ou então há muito que Fátima teria deixado de ser o fenómeno de multidões que continua a ser.
Esta realidade deve ser entendida no quadro de uma afirmação nacional antiga, com quase nove séculos, e que é absolutamente única na Europa.”
Eu, humilde apaixonado pela História, não diria melhor…
Etiquetas: Nação Eterna
8 Comments:
Ainda bem qu a Igreja não são estes senhores!!! Quanto ao que publiquei num blog regional 'Mais Évora', onde passei umas férias e cidade que conheço razoavelmente desde criança, não retiro nem uma vírgula. Asua prosa beata e salazarenta, irremediavelmente afundada num qualquer ecoponto histórico e os seus amiguinhos cristãozinhos de pin na lapela e devotos de Nossa Senhora, esquecem o evangelho com toda essa retórica do nacionalismo pouco esclarecido. Citem quem quiserem. Tenho andado a divulgar este vosso blog nas nossas empresas e temos rido... com a caridade possível. Afinal, somos todos humanos. Em Portugal, Nação e Igreja são equivalentes"....... e cita-se.... o Público e José Manuel Fernandes... É preciso estar desesperado...
Ficai bem, e felicidades para a vossa selecta e mui nobre seita.
Mas quem é você para entrar na minha casa e me dizer que me esqueço do Evangelho? Você é que está esquecido dele ou nunca o leu. Não se entra assim em casa alheia insultando tudo e todos.
"Já deu" para perceber, pela sua resposta no blog de Évora, que você apenas vive dos rendimentos... sem trabalho, sem profissão, sem qualquer lustro, coitado, você mete dó. E depois vem para aqui com esse veneno todo... olhe, consulte um psiquiatra, é um favor que faz à socieda. Ah! É verdade, nas "suas empresas" não devem ter muito para fazer...
Mas basta: vou-lhe fechar as portas, ois que em minha casa só entra gente de bem, compreendeu bem seu tolinho?
E olhe que não sei se se livra de um processo-crime por difamação e injúrias...você "pisou o risco"...
Não vale a pena incomodar-se...
A Net é mesmo assim, por esse motivo eu activei a moderação de comentários. Quem não consegue afirmar-se na vida real, tenta faze-lo no mundo virtual,mas sempre da pior maneira.
Que venha quem vier por bem, dizia a canção do Zeca que apesar de ser de esquerda sabia destas coisas.
Paz!
Sabe CM, como aliás já sabe, não faço do catolicismo, apesar de a minha formação ser catolica e cristã, uma bandeira.
Para mim Deus é tão universal que não se resume a uma palavra ou a uma religião.
É tão pleno e tão imenso que foge ao entendimento dos homens.
Lamento mas distanciei-me um pouco destes conceitos.
Se acredito que existe? Como poderia duvidar?
"Tenho andado a divulgar este vosso blog nas nossas empresas e temos rido... com a caridade possível."
Acho que o Sancho, esqueceu que a liberdade de religião é um Direito constitucional.
Existe para todos.
A liberdade de expressão é outro e, não passa por ofender ninguém.
Que injuriar ou molestar já é crime.
Por aqui aliogeiremos...mas ...não há necessidade , não é?
Júlia e Cleo, com Advogadas destas a Causa está ganha...
Há uma frase que experimentei usar (infelizmente sem muito sucesso) penso que em duas conferências de regulação do poder paternal, que é mais ou menos "o que fazemos de mal ou de bem fica connosco". Não gostei nada de como escreve o Sancho. O que acho que ele fez de mal, ficará com ele. Assim, como a esperança e a fé que li em alguns textos seus, acredito que ficam consigo e o tornam melhor e também a quem o lê.
E este comentário tão grande era só para deixar um beijinho e dizer que gosto muito de ler o que escreve.
Gabriela
Muito obrigado pelas suas palavras, deveras reconfortantes, Gabriela.
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